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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Considerações: A circulação de imagens no Brasil oitocentista: Uma história com marca registrada.

Este texto é uma produção de Lívia Lazzaro Rezende. Inicialmente é apresentado o cenário dos primórdios da produção gráfica brasileira nos tempos do Império do Brasil. Este panorama começa a ser traçado com a inserção do registro de marcas para quem quisesse tornar exclusiva a marca de seu produto para distingui-la dos outros do mercado. Para tal ação, bastava comparecer até a Junta Comercial, o proprietário da marca ou seu procurador, levando consigo dois exemplos impressos da marca a ser registrada.

Depois de cuidar dos tramites legais, era devolvido ao proprietário um exemplar carimbado como prova do registro. O outro exemplar era colado em um dos livros-registro, e posteriormente, publicado no diário oficial ou em algum jornal de grande circulação.

Estes livros-registro contêm exemplares significativos sobre a produção gráfica brasileira oitocentista. De acordo com a autora, por meio destes exemplos é possível observar diferentes características dos logotipos e rótulos produzidos no Brasil no período Imperial, além de seu processo de produção.

Lívia parte dos livros-registros para dar diversos exemplos, principalmente por meio de rótulos impressos no sistema litográfico, para apresentar alguns detalhes de como a produção gráfica brasileira oitocentista era rica, variada, com técnicas semelhantes às aplicadas no exterior, além de dialogar com o contexto cultural do período. 

Assim, Livia apresenta a perspectiva de como os elementos gráficos e os motivos aplicados nos rótulos, possuem vestígios do contexto histórico/cultural vigentes na época do Brasil Império. Nestes rótulos é possível detectar uma concepção liberal e progressista, paradoxalmente organizada em torno de um sistema escravocrata; a figura do bom selvagem; doses dos movimentos artísticos, como o Neoclássico; um teor político, como o uso de símbolos republicanos e outros como o Brasão Imperial; além de uma preocupação na criação, como o uso de enquadramentos, composições, tipografia e estruturação das imagens.

Outros pontos destacados são: o fato do ser e parecer moderno, como a chegada da litografia a vapor, que eram inscritas nos rótulos para a transmissão da ideia de moderno; a existência de uma conexão com o exterior, tanto por meio da mão de obra especializada, ou por referências de rótulos importados; e a informação verbal muitas vezes limitada as iniciais do fabricante ou um lema (tema ou slogan) do produto.

Existe uma preocupação dentro da organização do livro em colocar os temas de pesquisa numa tendência cronológica dentro do período estimado (1870-1960), o que também marca sua oposição a concepção de que o design brasileiro ocorreu apenas em meados do século XX.

Talvez, o termo design, ou desenho industrial, enquanto discurso de modernidade e quem sabe até como meio legitimador de uma ideologia, pode ter uma etapa de seu desenvolvimento estabelecido nos meados do século XX, abrindo assim uma consciência sobre os atributos da profissão. Porém as suas práticas, como é demonstrado nos exemplos impressos e em análises no transcorrer do livro em diferentes momentos da indústria gráfica, são evidentes antes de tal período.

Assim percebe-se que CARDOSO (2005) mostra que sua breve introdução a história de design lançada na virada do século XX para o XXI, tem sua voz reforçada, ao apresentar diferentes estudos entre a relação da cultura material, no caso representada pelos impressos, e o contexto social, tecnológico e econômico que está em seu entorno. 

Nos ensaios é possível estabelecer como a presença de diferentes “atores” sociais é capaz de atribuir e justificar determinadas escolhas em detrimento de outras, e apresenta um grau de complexidade quase “invisível” num primeiro contato, mas que ao ser analisado dentro de uma perspectiva histórica/cultural revela as diversas camadas de significados presentes. 

Referências: 
CARDOSO, Rafael. O design antes do design: aspectos da história gráfica, 1870-1960. São Paulo: Cosac Naify, 2005. 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Considerações sobre o papel social do objeto técnico e os estilos de vida que ele possibilita

FEENBERG refuta a concepção da tecnologia com um caráter determinista. Descontruindo o argumento da tecnologia baseada uma lógica funcional que é explicada em si mesma, não contendo vinculados à sociedade. Em seu entendimento, a tecnologia tem impactos sociais, pois é resultado de um direcionamento social na escolha de qual tecnologia adotar. Tais escolhas concedem a hegemonia a determinado grupo, em detrimento de outro, de diversos modos.

Por meio desta perspectiva, é possível estabelecer que as teorias e as tecnologias não são determinadas ou fixadas a partir de critérios unicamente técnicos e científicos. Usualmente há mais de uma solução possível para um determinado problema, e a escolha de uma e não de outra solução tecnicamente viável, ocorre pelo poder de decisão final dos “atores sociais”. FEENBERG sugere um teor representativo da escolha social na concepção e constituição de um objeto técnico. Tal indicação promove no objeto um caráter de discurso atribuído por uma escolha social. Um objeto técnico por si só não tem um significado, nem um poder de ação, mas o discurso atribuído a ele socialmente, o torna representativo, com significados e com certo grau de poder, seja ele simbólico ou não.

Se apropriando do exemplo de PINCH e BIJKER,
FEENBERG exemplifica com o desenvolvimento das bicicletas. Surgem quase simultaneamente dois projetos de bicicleta, uma com rodas de tamanhos diferentes com maior velocidade, porém com uma segurança menor, e outra com rodas do mesmo tamanho com menor velocidade, porém com maior segurança. A primeira visava aspectos de esporte, enquanto a segunda, uma aplicação de transporte. Tal processo é denominado como “flexibilidade interpretativa”. Dentro do contexto social do período, optou-se pela segunda opção, bicicletas com rodas do mesmo tamanho, que posteriormente receberam diversos aprimoramentos técnicos, enquanto a opção rejeitada foi contemplada com um aspecto de exótica e pitoresca, sendo vendida como “curiosidade”. 

Um outro exemplo, pode ser tomado por FORTY (2007) ao apresentar o contexto da produção de roupas no século XVIII. Os tecidos com diversos motivos (grafismos) eram destinados as classes operárias (menos favorecidas e assalariadas) enquanto os tecidos brancos e sem motivos, eram utilizados pela classes que possuem os meios de produção (burguesia). Cria-se uma diferenciação de classe social pelo uso de um objeto técnico. Obviamente este processo de construção social não ocorre de modo instantâneo, muito menos isolado, mas está relacionado intimamente com a relação do desenvolvimento da tecnologia e a sociedade que o produziu.

Uma relação semelhante pode ser traçada com o cotidiano. A escolha de um tipo de objeto técnico reflete questões ligadas a uma ideologia/identidade escolhida por certos sujeitos. O objeto técnico “adquire” múltiplas interpretações e camadas de significação que, eventualmente, podem extrapolar sua concepção planejada. Tal processo de construção de significados sociais dos objetos técnicos é construído dentro das relações sociais, da cultura, do local geográfico, do contexto histórico e das escolhas tecnológicas.

E o design?

Referências:
FORTY, Adrian. Objeto do desejo – design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007. 
FEENBERG, Andrew.A Tecnologia Pode Incorporar Valores? A Resposta de Marcuse para a Questão da Época. 1995. link.
 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Considerações sobre o capítulo Os primeiros designers industriais. FORTY, Adrian. Objeto do desejo – design e sociedade desde 1750. São Paulo. Cosac Naify, 2007.

FORTY (2007) toma referência um estudo na indústria de cerâmica de Josiah Wedgwood para construir o argumento de como surgiu a atividade do designer no século XVIII. É relaciona com um uma modificação na estruturação e na divisão de trabalho dentro da indústria, com o objetivo de diminuir custos e, consequentemente, aumentar os lucros. Tal perspectiva sobre a consolidação do design nos meios industriais, refuta as premissas indicadas pelos historiadores do design, como Herwin SCHAEFER, que remetiam a incorporação do design no processo industrial como relacionado a incorporação de novas tecnologias.

Por meio de relatos de cartas de Wedwood para Bentley, seu sócio na indústria,  em conjunto com relatos sobre a história do desenvolvimento da indústria cerâmica na Inglaterra, FORTY (2007) estabelece que um conjunto de fatores de ordem, cultural, econômica e de certo modo estética, influenciaram todo o desenvolvimento da indústria da cerâmica.

Entre tais fatores, pode-se citar o saturamento do mercado de cerâmica, todos os potenciais clientes já possuíam peças de louça, portanto era necessária ou a criação de um novo mercado, destinado a um consumidor de renda inferior, ou a adoção de algum diferencial, no caso a qualidade das peças e os motivos (temas) retratos. Wedgwood, de certo modo, buscou ambas. Investiu em várias formas de produzir uma cerâmica de ótima qualidade, inovando em processos que permitiam uma produção em escala, em conjunto com um controle de qualidade, além de associar suas peças a um novo padrão estético, então vigente na época, o Neoclássico. É ressaltado de que este estilo estava em evidência, principalmente pelas descobertas de Herculano e Pompéia, o que encantou as classes elevadas, que viram dentro do estilo Neoclássico, um modo de se diferenciar e afirmar sua posição de prestígio. 

FORTY (2007) esclarece que o grande fator de sucesso de Wedgwood foi o de dividir em várias etapas o processo produtivo para que assim obtive-se um maior controle de qualidade de produção. Criando a função de modelador, responsável pelo projeto de moldes que seriam fabricados. Para tal função contava com o trabalho de alguns artistas, como John Flaxman, que eram remunerados por semana com valores superiores a um artesão normal.

Wedgwood contava um com uma rede de distribuição de peças em que enviava as lojas apenas peças para mostruário, exigindo que seu consumidor fizesse uma encomenda, deste modo reduzia seu capital investido em estoque.  A noção de mostruário também era incorporada em catálogo de peças, os vendedores iam até o consumidor, não deixando de ser uma venda “diferenciada”.

Junto a este contexto, Wedgwood adotou o estilo Neoclássico, de formas mais sóbrias, retas e simétricas que permitia um melhor rendimento na produção e facilidades para a confecção da decoração, o que colaborou para um aumento da produção e uma redução de custo por unidade produzida.

Pode-se observar que esta relação entre senso estético, produção industrial e mercado consumidor indicada por FORTY (2007), não é tão distante do contexto atual. Porém uma dúvida é, até que ponto os ensaios e melhorias no processo de queima, novos materiais, elementos de decoração, ou seja, a tecnologia, não influenciou o desenvolvimento e a adoção de novos elementos estéticos? Ou será que a demanda por novos elementos estéticos não motivou um desenvolvimento tecnológico? Ou ainda no fundo tudo era apenas uma questão econômica uma rede de interesses para se obter um maior lucro, com o menor investimento possível, usando a questão social e tecnológica como ferramenta?

Referências:
FORTY, Adrian. Objeto do desejo – design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Considerações sobre o capítulo 2 do livro CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do Design. Edgard Blücher. São Paulo, 2004.

CARDOSO (2004) segue uma linha já indicada por HOBSBAWN (2005) e FORTY (2007) para explicar as revoluções industriais e o processo de industrialização.

Sua articulação parte da construção do cenário político, econômico, técnico, ideológico e cultural que possibilitaram o desencadeamento do processo de mecanização do processo produtivo na Inglaterra durante o século XVIII. Em seu entendimento esta série de fatores, amplamente complexos de serem analisados, construíram o cenário ideal para tais acontecimentos.

Para Rafael, diferentemente do que se pressupõe, a função de fabricar não é do estado é uma premissa um tanto quando limitada, e altamente questionável. Por meio de relatos históricos apresenta com a consolidação dos estados nacionais na Europa deve um impacto na industrialização, uma vez que era o Estado o responsável pelas primeiras manufaturas reais, responsável por artigos considerados de luxo, que uma vez fabricados, eram exportados em forma de monopólio até suas colônias, ou para outros estados. Outra indústria financiada pelo estado era a fabricação de armas e de construção naval, pois são indústrias estratégicas para a própria autonomia dos estados.

A revolução industrial para
CARDOSO ocorre em modo de ondas, ou surtos, sendo que nem todas as fábricas tem um alto grau de mecanização de suas atividades. E mesmo aquelas que alcançam um grau de mecanização e automação de alguns sistemas produtivos, necessitam também de uma reorganização e redistribuição de tarefas, o que de acordo com CARDOSO , tem uma capacidade de melhorar o rendimento de produção com mais impacto do que com a aplicação de novas tecnologias. Neste contexto, o impacto das relações de trabalho é maior do que a tecnologia, não sendo capaz de separar complemente um elemento de outro, tendo em vista que a separação do trabalho gera a demanda por uma nova tecnologia, afim de otimizar o processo produtivo com um melhor rendimento, e consequentemente mais produtividade.
 

Dentro das características acima, CARDOSO, indica o surgimento de uma “figura” responsável por projetar/decorar, e que não trabalhava diretamente ligada a produção, mas a produção conceitual de um novo produto, tal “figura” pode ser interpretada como o surgimento da função de designer, com um cunho “moderno”.

Um problema deste processo de projetar e fabricar produtos, como cita CARDOSO, é a chamada pirataria. A pirataria consistia em copiar produtos e projetos já consagrados e vendê-los por preços inferiores. Numa tentativa de combater esta prática as leis de patentes são reformuladas.

Um elemento citado como fomentador e responsável pelo aumento do consumo, é relacionado  a possibilidade de oferecer modos de pagamentos parcelados, capacidade de abrir novos mercados externos e utilizar de meios de divulgação (publicidades).

 É ressaltado que no século XIX existe um grande desenvolvimento tecnológico, como as estradas de ferro, da navegação a vapor, do telegrafo, da fotografia etc. 

Referências: 
CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blücher. 2004.
FORTY, Adrian. Objeto do desejo – Design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007.  
HOBSBAWM, Eric, J. A Era das Revoluções (1789-1848). Paz e Terra. 9ª edição. 2005.

domingo, 16 de setembro de 2012

Manual do Paraná - Análise inicial

Neste pequeno texto é apresentado uma maneira de ler, analisar e interpretar um livro com o objetivo de utilizá-lo para uma consulta posterior. A estrutura trata a primeira leitura como relatar, literalmente o texto com os principais pontos, eventualmente pontuar algum comentário para futura utilização em um texto crítico. Todo texto é lido com um objetivo e com uma perspectiva, no caso desta leitura, foi estabelecer de modo geral um contato com a história do Paraná e identificar de que modo a Cachaça é/está/foi relacionada.  Num segundo momento, identifica-se qual é a impressão geral do texto, qual a "sensação" transmitida, estes valores são subjetivos e servem para classificar o texto numa futura consulta. No terceiro contato busca-se organizar a leitura com os objetivos selecionados e relacionar com os argumentos usados, como eles se orientam e como a perspectiva do autor se articula com outras leituras. Ao fim, faz-se um inventário de possíveis citações para trabalhos futuros, ali constam "categorias" atribuídas pelo leitor e que são aplicáveis dentro do contexto de seu estudo. Além disso, há na página a transcrição da possível citação.
O "modelo" adotado é pessoal, subjetivo e presta-se a auxiliar em estudos, não definitivo, nem único. É um modo para organizar e estabelecer uma ferramenta de "catalogação" ou uma "ficha de leitura".
Lembre-se que a leitura é um ação subjetiva e as opiniões e análises apresentadas são pessoais, frutos de uma série de eventos. Leia sempre o original e tire suas próprias conclusões. Crie suas ideias

Título:

FENIANOS, Eduardo E. Manual Paraná: nosso Estado em suas mãos. Curitiba: Univer Cidade, 2007.

Primeiro contato:

Apresentação:
O livro é um desdobramento de expedições efetuados pelo autor, Eduardo Fenianos, dentro do estado do Paraná. Está relacionado com dois álbuns fotográficos e uma série de televisão. A estrutura do livro apresenta primeiramente as características Natureza (física - geográfica) do Paraná, com a terra, a água, a flora e a fauna. No segundo capítulo forma-se um tópico sobre a história da ocupação, envolvendo o periodo histórico entre o século XVI até o século XXI. O último capitulo, chamado de presente, forma um relato sobre o Paraná nos primeiros anos do século XXI, com temas relacionados aos planaltos, economia e estrutura, a cultura paranaense, arte e artesanato, grupos folclóricos, Fandago e a culinária.

Capítulo 1: Natureza

Apresenta os dados oficiais do estado com referência ao ano de 2005, porém não coloca qual a fonte utilizada. Existe um mapa com todos os municipios do estado. Entre os símbolos do Paraná são citados a Bandeira, o Brasão de armas e o Hino.  Faltam informações referentes a importância e simbologia associada a cada um dos elementos como por exemplo o ramo de pinheiro e de mate.
Com relação a formação do solo, relacionado ao tema A Terra, encontra-se um mapa Litológico, exemplificando as razões geológicas (formação dos solos) que levaram o Estado a possuir uma forte economia agricola. O relevo por meio de sua divisão em regiões (Litoral, Primeiro Planalto, Segundo Planalto e Terceiro Planalto) são brevemente comentados, pelo uso de texto e imagens.
Nas Águas há um texto breve comentando sobre o Paraná, significar em Tupi, Rio, e que a Bacia do Paraná ocupa 92% do território paranaense, em momento algum é citado se durante a expedição a preservação dos rios do estado contava com algum apoio, programa, ou se seu estado era de descaso, ou se alguns rios já sofriam ações de degradação, das 3 páginas e meia de fotos, poderiam ser adicionados tais informações, o que enriqueceria o material.
Na Flora é destacado a Mata de Araucária que chegou  a cobrir 40% da área do estado e hoje ocupada menos de 5%. É citado que tal degradação é fruto da agricultura e pecuária. O processo de degradação da cobertura original é visível no infográfico mostrado na página 16. É feito uma breve descrição sobre os tipos de vegetação (Floresta Subtropical, Mata Atlântica, Campos e Cerrados.
Na Fauna são relacionadas as principais espécies presentes no estado. Existe destaque para a Gralha Azul e o Gavião Real, presente no Brasão do Paraná.

Capítulo 2: História

O capitulo é construído com a divisão entre séculos do XVI até o XIX, o século XX é dividido em décadas, ficando por fim os primeiros anos do século XXI. É relatado os principais acontecimentos do estado de modo breve sendo pouco explorado a relação entre eles, e como cada ação poderia ter contribuindo para cada acontecimento futuro. Funciona como um relato de acontecimentos. O uso de imagens (fotografias) para ilustrar algumas passagens histórias é significativo.

Capítulo 3: O Paraná Hoje

A descrição das regiões se inicia do Leste para Oeste, tendo como referência a divisão por relevo, atribuída no capitulo 1 sobre a Terra. Com isso o Litoral e a Serra do Mar são os primeiros tema abordados. São retratados por meio de texto e imagens os principais prédios históricos e regiões mais significativas no entendimento do autor sobre a região são citados:
Morretes (Barreado); Ilha do Mel (Gruta das Encantadas e Farol), Guaraqueçaba, Antonina, mercado municipal de Paranaguá, e a Igreja Matriz de Guaratuba.
No Primeiro Planalto o destaque é a capital do estado Curitiba. São explorados sua densidade demográfica e sua economia com o predominio das áreas de serviço e indústrial. Entre os principais pontos turisticos, com um breve resumo, estão: Ópera de Arame, Parque Tanguá, Teatro Paiol, prédio da Universidade Federal do Paraná e Jardim Botânico. A região metropolitana de Curitiba tem suas principais regiões citadas com um histórico e sua principal conexão com Curitiba e o Paraná.
No segundo Planalto é ressaltada a importância do movimento dos tropeiros para a formação de vilas que se tornariam cidades, como Ponta Grossa, Castro, Lapa e Jaguariaíva. Outro fator destacado é a presença de imigrantes, principalmente no século XIX, como italianos, holandeses, alemãos, poloneses, ucranianos etc, que contribuíram tanto para a consolidação de atividades economicas e a presença de estilos arquitetônicos diferenciados.
No terceiro Planalto, que ocupa quase dois terços do território paranaense, o destaque é dado a Londrina, segunda maior cidade do estado; e a Maringá, terceira maior cidade do Paraná, ambas cidades consideradas jovens (fundadas em meados do século XX) suas economias são focadas na agroindustria e em serviços. Outras cidades citadas com uma imagem e breve descrição são: Guarapuava, Mandaguari, Cascavel, Toledo, Marechal Cândido Rondon. Foz do Iguaçu não é mencionada. Nas imagens há um destaque principalmente aos elementos arquitetônicos e ao contraste entre cidade e campo.
Economia e Estrutura: Apesar de ser conhecido como um “Estado Agrícola” e possuir uma grande área destinada a plantações, os dados apontam uma realidade diferente. No século XXI, a agricultura tem uma participação de 14% de todo o volume de riquezas produzidos. O setor industrial representa 41%, enquanto serviços representa quase metade, 45%.
No caso da agricultura os latifundios representam 12% das propriedades rurais, e são responsávei por 58% da produção agrícola do estado, os outros 86% das propriedades, e os 42% da produção são resultados de pequenos agricultores (menos de 50 hectares) que empregam cerca de ¾ de toda a mão de obra do setor. Os destaques estão para a produção de soja, milho e trigo e a criação de gado leiteiro e de corte.
A Cultura Paranaense: Parte-se dos primeiros habitantes do atual território paranaense, por meio de resquicios, estima-se uma ocupação entre 3000 a 6000 anos atrás. São citados basicamente 4 grupos indigenas, cada um em uma faixa territorial, os Tupis, Gês (Jês), Kaingang e Xetá. Durante o século XVI os portugueses e espanhóis iniciaram um processo de “desbravamento” da região em busca de terras e ouro (mineração), entrando em contato com estes grupos indigenas. De acordo com o autor, é neste momento que a população paranaense sofre um processo de “mistura de raças”  tende a sensação de que esta construção ocorreu de modo pacífico.
Os imigrantes: Chegaram a partir da segunda metade do Século XIX por meio de políticas de incentivo. Entre os citados estão: os alemães, franceses, poloneses, italianos, ucranianos, holandeses, japoneses, árabes, suícos e chineses. Cada grupo de imigrantes conta com um pequeno texto esclarecendo qual região do estado foi ocupada fisicamente, além de contribuições para a economia do estado. Novamente é enaltecido a questão da diversidade cultural.
Arte e Artesanato: Resultado dos povos que colonizaram o estado. Misturam-se técnicas, formas, materiais e temas. De acordo com o autor a miscigenação de povos acontece com  a produção do artesanato. São referenciados: as pêssankas (ucranianos), trabalhos com fibras como cestariase objetos de decoração (indigenas - litoral), entalhes (quadros e esculturas) em madeira, e uso de palha na confecção de bonecos (indigenas - oeste)  
Grupos Folclóricos: O texto foca em dois momentos, um relacionado ao Fandango e outro aos grupos relacionados a imigração. O Fandango é uma dança considerada típica do litoral paranaense. Se estabelece no século XVII com portugueses e espanhóis. Existem relatos que a presença da Cachaça como um ritual de passagem de uma música para outra, com o objetivo de “soltar” a voz e a dança. Os instrumentos usados são: viola, rabeca e um adufo (pandeiro). A dança se caracteriza por algumas pessoas dançando como uma “valsa” e outros coreografando uma dança onde batem tamancos de madeira por entre os músicos. É relatada também algumas alterações, como a amplificação dos instrumentos, a adoção de um tablado de madeira para apresentação e de uma iluminação colorida.
Lendas: São apresentadas as lendas da Gralha Azul, das Cataratas do Iguaçu e de Vila Velha. Todas com caracteristicas indigenas.
Culinária: Assim como outras manifestações culturais a culinária paranaense tem influencia de sua colonização. Entre os destaques está o pinhão, semente do pinheiro (araucária) típico da região e muito consumido pelos indigenas no inverno. O consumo mais usual é assado em brasa, aproveitando os próprios galhos secos do pinheiro. Também de origem indigena tem origem o hábito de ingerir erva-mate, resultando no chimarrão e no mate gelado. O Barreado, considerado o prato típico mais conhecido do Paraná, tem sua origem no litoral do estado, e de acordo com a história oral relatada pelo autor, tem sua origem no contato entre os imigrantes portugueses e os indios. Acompanhado do Barreado, tradicionalmente são servidos a banana e a farinha de mandioca, além da Cachaça.

Impressões do texto: descontraído e descompromissado. Informativo.

Comentários:
Faltam as referências bibliográficas da pesquisa na maior parte do texto o que inviabiliza a possibilidade de ir até a fonte original. O texto tem um carater informativo e, nos momentos que busca argumentos, recai na construção da misceginação dos povos, das culturas diversificadas, do bom samaritano, e que no Brasil tudo é “permitido”. Estudos relatam que no estado do Paraná o preconceito não era apenas direcionado a ex-escravos, mas também em imigrantes europeus e, algumas das tradições presentes tem um papel de resistência cultural, sua valorização ocorre posteriormente pela atuação destes mesmo imigrantes na sociedade, buscando um reconhecimento de sua cultura e suas práticas sociais.
As imagens utilizadas são significativas, uma vez que buscam afirmar as informações do texto, criam-se dois meios de construção da informação, um contado pelo texto e o outro, pelas imagens.
O argumento e a “história” contada se alinham com a orientação da “história oficial” reproduzida nas escolas, e reflete as “tradições e discursos” inventados na construção de uma ideia de estado, no caso uma ideia de Paraná. Porém, apresenta como mérito, uma linguagem acessível e pode convidar seu possível leitor a investigar alguns detalhes particulares, despertando para alguns questionamentos de porquê tais caracteristicas foram assimiladas em detrimentos de outras e como estão relacionados com o momento do Estado.
Existe o comentário de dois momentos da presença da Cachaça na cultura paranaense, ambos relacionados ao litoral. O primeiro momento é com o Fandango, e o segundo com o Barreado. Interessante é a presença da Cachaça em duas “tradições” paranaenses classificadas como “genuínas”.

Ficha de citações:
Cachaça, Paraná, cultura, regional

A cada música os cantadores davam bons goles de pinga e explicavam que o ritural era para esquentar as cordas vocais e assim cantar mais alto.
p. 89


Cachaça, Paraná, cultura, regional
Barreado, tradicionalmente acompanhado de banana, da farinha de Mandioca e Cachaça, produzida astesanalmente no litoral do Paraná.
p.93