FORTY (2007) toma referência um estudo na indústria de cerâmica de
Josiah Wedgwood para construir o argumento de como surgiu a atividade do designer no século XVIII. É relaciona
com um uma modificação na estruturação e na divisão de trabalho dentro da
indústria, com o objetivo de diminuir custos e, consequentemente, aumentar os
lucros. Tal perspectiva sobre a consolidação do design nos meios industriais, refuta as premissas indicadas pelos
historiadores do design, como Herwin SCHAEFER,
que remetiam a incorporação do design
no processo industrial como relacionado a incorporação de novas tecnologias.
Por meio de relatos de cartas de Wedwood para Bentley, seu sócio
na indústria, em conjunto com relatos sobre a história do desenvolvimento
da indústria cerâmica na Inglaterra, FORTY (2007) estabelece que um conjunto de
fatores de ordem, cultural, econômica e de certo modo estética, influenciaram
todo o desenvolvimento da indústria da cerâmica.
Entre tais fatores, pode-se citar o saturamento do mercado de
cerâmica, todos os potenciais clientes já possuíam peças de louça, portanto era
necessária ou a criação de um novo mercado, destinado a um consumidor de renda
inferior, ou a adoção de algum diferencial, no caso a qualidade das peças e os
motivos (temas) retratos. Wedgwood, de certo modo, buscou ambas. Investiu em
várias formas de produzir uma cerâmica de ótima qualidade, inovando em
processos que permitiam uma produção em escala, em conjunto com um controle de
qualidade, além de associar suas peças a um novo padrão estético, então vigente
na época, o Neoclássico. É ressaltado de que este estilo estava em evidência,
principalmente pelas descobertas de Herculano e Pompéia, o que encantou as
classes elevadas, que viram dentro do estilo Neoclássico, um modo de se
diferenciar e afirmar sua posição de prestígio.
FORTY (2007) esclarece que o grande fator de sucesso de Wedgwood
foi o de dividir em várias etapas o processo produtivo para que assim obtive-se
um maior controle de qualidade de produção. Criando a função de modelador,
responsável pelo projeto de moldes que seriam fabricados. Para tal função
contava com o trabalho de alguns artistas, como John Flaxman, que eram
remunerados por semana com valores superiores a um artesão normal.
Wedgwood contava um com uma rede de distribuição de peças em que
enviava as lojas apenas peças para mostruário, exigindo que seu consumidor
fizesse uma encomenda, deste modo reduzia seu capital investido em estoque.
A noção de mostruário também era incorporada em catálogo de peças, os vendedores
iam até o consumidor, não deixando de ser uma venda “diferenciada”.
Junto a este contexto, Wedgwood adotou o estilo Neoclássico, de formas mais sóbrias, retas e simétricas que permitia um melhor rendimento na produção e facilidades para a confecção da decoração, o que colaborou para um aumento da produção e uma redução de custo por unidade produzida.
Junto a este contexto, Wedgwood adotou o estilo Neoclássico, de formas mais sóbrias, retas e simétricas que permitia um melhor rendimento na produção e facilidades para a confecção da decoração, o que colaborou para um aumento da produção e uma redução de custo por unidade produzida.
Pode-se observar que esta relação entre senso estético, produção
industrial e mercado consumidor indicada por FORTY (2007), não é tão distante
do contexto atual. Porém uma dúvida é, até que ponto os ensaios e melhorias no
processo de queima, novos materiais, elementos de decoração, ou seja, a
tecnologia, não influenciou o desenvolvimento e a adoção de novos elementos
estéticos? Ou será que a demanda por novos elementos estéticos não motivou um
desenvolvimento tecnológico? Ou ainda no fundo tudo era apenas uma questão
econômica uma rede de interesses para se obter um maior lucro, com o menor
investimento possível, usando a questão social e tecnológica como ferramenta?
Referências:
FORTY, Adrian. Objeto do desejo – design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
Referências:
FORTY, Adrian. Objeto do desejo – design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007.