Evolução
das artes gráficas em Curitiba.
Autor: Roberson M. C. Nunes – Casa da Memória; Fundação Cultural de Curitiba. 1991.
Transcrito do datilografado por Alan Witikoski
4. Mercado gráfico editorial e um breve resumo dos equipamentos utilizados.
As três de
fevereiro de 1919, sob a direção de Benjamin Lins, secretário por De Plácido e
Silva, é lançada a “Gazeta do Povo”. O
vertiginoso crescimento experimentado por esse matutino ao longo de sua
existência, desde os primeiros passos, tem obrigado a um constante aperfeiçoamento
de seu parque gráfico, visando encurtar o espaço de tempo entre a coleta, o
processamento e a apresentação da notícia ao leitor.
Mais de 70 anos já se passaram quando a primeira rotoplana imprimia lentamente
as então quatro páginas do jornal, mais tarde ampliadas para oito. Passando
pelas velhas linotipos que derretiam o chumbo, pelo valor e fuligem das
oficinas. Em sete de setembro de 1922 a Gazeta publicava uma edição especial de
88 páginas em cores (bicolor) comemorativa ao primeiro centenário da
independência do Brasil.
A Gazeta do Povo foi o primeiro jornal paranaense e o segundo no Brasil a
adotar o revolucionário processo com rotativa de grande porte. A seguir, em
1973, publicou a primeira foto colorida da imprensa do Paraná, importando
equipamento americano. Mais tarde, foi implantado o sistema de fotocomposição
eletrônica operado por computadores de terceira geração. Em nova ação pioneira,
a Gazeta recebe em 1975 o sistema Compuscan
Super Alpha, primeira máquina do mundo que lê textos datilografados
(leitura óptica) e os transforma em fita perfurada, sendo a primeira a ser
utilizada em toda a América Latina.
Com a Compuscan vieram um computador para elaboração de textos, mais veloz, e
uma máquina automática para a preparação de chapas de impressão. Depois, um
processador de filmes em 90 segundos, o Kodalith, e a moderna rotativa Urbanite Goss Mielhle Dexter, que
imprime 30 mil exemplares a cores por hora. Seguiu-se o Compugraphic 8600,
equipamento de fotocomposição computadorizado, ponto de referência de técnicos
gráficos do país inteiro. As últimas inovações foram a implantação de duas
fotocompositoras a laser e dois sistemas paginadores que usam telas
computadorizadas gigantes para a montagem das páginas.
Atualmente, com seus mais de 120 mil exemplares dominicais, com mais de
duzentas páginas “standard” e tablóides, a Gazeta do Povo se transformou num
dos principais jornais metropolitanos e numa das mais avançadas empresas
jornalísticas do país.
Em 1927 surge a “Illustração Paranaense”, primeira revista impressa em papel
couchê, criada por João Batista Groff.
A 17 de julho de 1951 surge “O Estado do Paraná”, sob a iniciativa de Aristides Merhy, impresso
numa rotoplana, que durante quatro anos soltou um jornal diário de doze páginas (e a média de trinta
aos domingos). Em 1955 uma rotativa Man, alemã, fazia a proeza de rodar
dezesseis páginas, com cor adicional em quatro delas, que rodava a também o vespertino “Tribuna do Paraná” (fundado a
1º de outubro de 1956), com uma qualidade só superada pelo Offset. Em 1958, o
Estado publicou, em edição extra, em primeira mão nacional, por ocasião da Copa
do Mundo de futebol na Suécia, a radiofoto trazida de São Paulo que mostrava o
capitão Belini erguendo a taça Jules Rimet.
Em 1959 houve a publicação da primeira foto batida sob a água na piscina do
Clube Curitibano, e algumas fotos do Estado foram republicadas nas revistas
americanas Life e Time.
Em 1962 passa ao controle do empresário Paulo Pimentel, conhecendo inovações
até de logotipo (a 20 de julho de 1965) e rompe um velho tabu ao publicar uma
foto de futebol na primeira página. Em 1967 publicava, em primeira página, a
primeira radiofoto captada em Curitiba.
Mais de duas décadas após sua fundação,
o Estado do Paraná cresceu tanto que necessitou de uma completa mudança em seu
parque gráfico, optando a sua diretoria
pela inovação técnica, instalando, a 31 de março de 1974, a primeira rotativa
em Offset do país, a Goss Urbanite, composta de três unidades de impressão em
branco e preto e uma de três cores que permite as fotografias em policromia
(usadas na primeira página diariamente desde fevereiro de 1978), e equipada
ainda com um funil superior extra, permitindo o encarte automático de tablóides.
O sistema de fotocomposição é o Photon, com computadores modelos 44, 48 e 412,
cada um substituindo dez linotipos, os quais podem trocar até quatorze vezes
numa mesma linha o tipo do corpo, que começaram a operar a 1º dezembro de 1973.
Os computadores são comandados por uma Varicomposer e outros tecladoras
Varicomp 2000, com teclado direto de perfuração, e outras duas Varicomp 3200,
as primeiras a entrar em operação no Brasil, com memória e equipamento especial
de correção e leitura direta em visor de fita. O Estado do Paraná foi apontado
pela empresa Lorillex, fabricante de tintas, como um dos mais bem impressos do
país. Com o avanço tecnológico, o jornal incorporou em sua linha de produção 16
terminais de computador Gepeto, inclusive na redação, funcionando
ininterruptamente. Em janeiro de 1987 foi adquiro o equipamento alemã
Cromograph, passando o Estado a ser um dos jornais na vanguarda da policromia;
essa máquina tem como principal função “ler” a foto colorida, separando-a em
cores primárias (vermelho, azul, amarelo, preto e branco); também transforma
impulsos em raio laser, que sensibilizam o filme do fotolito, gravando a imagem
correspondente à cor já separada, e é capaz de publicar uma foto colorida até o
tamanho de uma página inteira de jornal.
Em 1º de novembro de 1989 começou a operar o RNPT (Reuter News Picture
Terminal), único existente no país, que recebe até 120 fotos enviados por fax e
as armazena em sua memória, para posterior seleção e transferência para papel
fotográfico.
Um dos mais atuantes veículos de comunicação do Paraná, o jornal “Diário
Popular” começou a circular no dia 04 de março de 1963, dirigido pelo
jornalista Abdo Aref Kudri, e evoluindo em consonância com o desenvolvimento do
país. A empresa começou com uma máquina manual plana, que imprimia folha por
folha. Em meados de 1966 evoluiu para uma grande conquista: uma impressora
plana automática (rotoplana), cuja vantagem era um dispositivo que puxava o
papel para a impressão, denominado de “chupeta”. Logo depois viria a rotativa
tipográfica (linotipo), que exigia a composição a chumbo quente. Em 1972 passou
para o sistema a frio, em Offset, adquirindo-se simultaneamente um sofisticado
maquinário para o processo de composição por computadores eletrônicos equipados
com laser, caraterizando um dos parques gráficos mais completos do Paraná.
Como se vê, as técnicas mais moderna de impressão foram e vão sendo logo
instituídas em nosso meio, culminando com a revista “Gráfica”, de Osvaldo
Miranda, o Miran, como é mais conhecido, um dos melhores profissionais de
design gráfico do país, criador do jornal “Raposa”, editado pela Fundação
Cultural de Curitiba em 1983, publicação de humor com muitas ilustrações e
brincadeiras gráficas. O mesmo teve a ideia de se fazer uma revista que registrasse
todos os trabalhos gráficos que estavam sendo feito no Brasil e que mostrasse
as qualidades dos profissionais nessa área, incluindo comunicadores visuais,
designers gráficos, ilustradores e cartunistas. A revista Gráfica foi criada
para concretizar essa ideia, procurando usar uma linguagem homogênea de
apresentação dos trabalhos e retratando em si mesma o melhor da qualidade
gráfica brasileira, que em alguns casos assume até mesmo uma posição de
vanguarda.