Páginas

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Evolução das artes gráficas em Curitiba - Parte 04

Evolução das artes gráficas em Curitiba. 

Autor: Roberson M. C. Nunes – Casa da Memória; Fundação Cultural de Curitiba. 1991.
Transcrito do datilografado por Alan Witikoski 

4. Mercado gráfico editorial e um breve resumo dos equipamentos utilizados.

As três de fevereiro de 1919, sob a direção de Benjamin Lins, secretário por De Plácido e Silva, é lançada a “Gazeta do Povo”. O vertiginoso crescimento experimentado por esse matutino ao longo de sua existência, desde os primeiros passos, tem obrigado a um constante aperfeiçoamento de seu parque gráfico, visando encurtar o espaço de tempo entre a coleta, o processamento e a apresentação da notícia ao leitor.

Mais de 70 anos já se passaram quando a primeira rotoplana imprimia lentamente as então quatro páginas do jornal, mais tarde ampliadas para oito. Passando pelas velhas linotipos que derretiam o chumbo, pelo valor e fuligem das oficinas. Em sete de setembro de 1922 a Gazeta publicava uma edição especial de 88 páginas em cores (bicolor) comemorativa ao primeiro centenário da independência do Brasil.

A Gazeta do Povo foi o primeiro jornal paranaense e o segundo no Brasil a adotar o revolucionário processo com rotativa de grande porte. A seguir, em 1973, publicou a primeira foto colorida da imprensa do Paraná, importando equipamento americano. Mais tarde, foi implantado o sistema de fotocomposição eletrônica operado por computadores de terceira geração. Em nova ação pioneira, a Gazeta recebe em 1975 o sistema Compuscan Super Alpha, primeira máquina do mundo que lê textos datilografados (leitura óptica) e os transforma em fita perfurada, sendo a primeira a ser utilizada em toda a América Latina.

Com a Compuscan vieram um computador para elaboração de textos, mais veloz, e uma máquina automática para a preparação de chapas de impressão. Depois, um processador de filmes em 90 segundos, o Kodalith, e a moderna rotativa Urbanite Goss Mielhle Dexter, que imprime 30 mil exemplares a cores por hora. Seguiu-se o Compugraphic 8600, equipamento de fotocomposição computadorizado, ponto de referência de técnicos gráficos do país inteiro. As últimas inovações foram a implantação de duas fotocompositoras a laser e dois sistemas paginadores que usam telas computadorizadas gigantes para a montagem das páginas.

Atualmente, com seus mais de 120 mil exemplares dominicais, com mais de duzentas páginas “standard” e tablóides, a Gazeta do Povo se transformou num dos principais jornais metropolitanos e numa das mais avançadas empresas jornalísticas do país.

Em 1927 surge a “Illustração Paranaense”, primeira revista impressa em papel couchê, criada por João Batista Groff.

A 17 de julho de 1951 surge “O Estado do Paraná”,  sob a iniciativa de Aristides Merhy, impresso numa rotoplana, que durante quatro anos soltou um jornal  diário de doze páginas (e a média de trinta aos domingos). Em 1955 uma rotativa Man, alemã, fazia a proeza de rodar dezesseis páginas, com cor adicional em quatro delas, que rodava a também  o vespertino “Tribuna do Paraná” (fundado a 1º de outubro de 1956), com uma qualidade só superada pelo Offset. Em 1958, o Estado publicou, em edição extra, em primeira mão nacional, por ocasião da Copa do Mundo de futebol na Suécia, a radiofoto trazida de São Paulo que mostrava o capitão Belini erguendo a taça Jules Rimet.

Em 1959 houve a publicação da primeira foto batida sob a água na piscina do Clube Curitibano, e algumas fotos do Estado foram republicadas nas revistas americanas Life e Time.

Em 1962 passa ao controle do empresário Paulo Pimentel, conhecendo inovações até de logotipo (a 20 de julho de 1965) e rompe um velho tabu ao publicar uma foto de futebol na primeira página. Em 1967 publicava, em primeira página, a primeira radiofoto captada em Curitiba.

Mais de duas décadas após sua fundação, o Estado do Paraná cresceu tanto que necessitou de uma completa mudança em seu parque gráfico, optando  a sua diretoria pela inovação técnica, instalando, a 31 de março de 1974, a primeira rotativa em Offset do país, a Goss Urbanite, composta de três unidades de impressão em branco e preto e uma de três cores que permite as fotografias em policromia (usadas na primeira página diariamente desde fevereiro de 1978), e equipada ainda com um funil superior extra, permitindo o encarte automático de tablóides. O sistema de fotocomposição é o Photon, com computadores modelos 44, 48 e 412, cada um substituindo dez linotipos, os quais podem trocar até quatorze vezes numa mesma linha o tipo do corpo, que começaram a operar a 1º dezembro de 1973.

Os computadores são comandados por uma Varicomposer e outros tecladoras Varicomp 2000, com teclado direto de perfuração, e outras duas Varicomp 3200, as primeiras a entrar em operação no Brasil, com memória e equipamento especial de correção e leitura direta em visor de fita. O Estado do Paraná foi apontado pela empresa Lorillex, fabricante de tintas, como um dos mais bem impressos do país. Com o avanço tecnológico, o jornal incorporou em sua linha de produção 16 terminais de computador Gepeto, inclusive na redação, funcionando ininterruptamente. Em janeiro de 1987 foi adquiro o equipamento alemã Cromograph, passando o Estado a ser um dos jornais na vanguarda da policromia; essa máquina tem como principal função “ler” a foto colorida, separando-a em cores primárias (vermelho, azul, amarelo, preto e branco); também transforma impulsos em raio laser, que sensibilizam o filme do fotolito, gravando a imagem correspondente à cor já separada, e é capaz de publicar uma foto colorida até o tamanho  de uma página inteira de jornal.

Em 1º de novembro de 1989 começou a operar o RNPT (Reuter News Picture Terminal), único existente no país, que recebe até 120 fotos enviados por fax e as armazena em sua memória, para posterior seleção e transferência para papel fotográfico.

Um dos mais atuantes veículos de comunicação do Paraná, o jornal “Diário Popular” começou a circular no dia 04 de março de 1963, dirigido pelo jornalista Abdo Aref Kudri, e evoluindo em consonância com o desenvolvimento do país. A empresa começou com uma máquina manual plana, que imprimia folha por folha. Em meados de 1966 evoluiu para uma grande conquista: uma impressora plana automática (rotoplana), cuja vantagem era um dispositivo que puxava o papel para a impressão, denominado de “chupeta”. Logo depois viria a rotativa tipográfica (linotipo), que exigia a composição a chumbo quente. Em 1972 passou para o sistema a frio, em Offset, adquirindo-se simultaneamente um sofisticado maquinário para o processo de composição por computadores eletrônicos equipados com laser, caraterizando um dos parques gráficos mais completos do Paraná.

Como se vê, as técnicas mais moderna de impressão foram e vão sendo logo instituídas em nosso meio, culminando com a revista “Gráfica”, de Osvaldo Miranda, o Miran, como é mais conhecido, um dos melhores profissionais de design gráfico do país, criador do jornal “Raposa”, editado pela Fundação Cultural de Curitiba em 1983, publicação de humor com muitas ilustrações e brincadeiras gráficas. O mesmo teve a ideia de se fazer uma revista que registrasse todos os trabalhos gráficos que estavam sendo feito no Brasil e que mostrasse as qualidades dos profissionais nessa área, incluindo comunicadores visuais, designers gráficos, ilustradores e cartunistas. A revista Gráfica foi criada para concretizar essa ideia, procurando usar uma linguagem homogênea de apresentação dos trabalhos e retratando em si mesma o melhor da qualidade gráfica brasileira, que em alguns casos assume até mesmo uma posição de vanguarda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário