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sábado, 18 de agosto de 2012

Design e Desenho e Desígnio?

Este pequeno texto não tem por objetivo levantar a “famosa” discussão do que é ou não Design, ou o que deveria ser considerado como sendo Design, não que se deva colocá-la num segundo plano, mas focar a construção do termo, para assim, buscar um entendimento do porquê o termo Design ser interpretado como é. 

O caminho do termo Design tem uma relação íntima de como sua significação foi construída, sendo associado em diferentes formas e as mais diferentes áreas. Note que esta agregação de áreas, torna o Design uma área do conhecimento “charmosa”, inquieta, mutante e não “contida”, sempre se espalhando e quebrando as finas paredes que tentam conter o seu conceito.

O termo/expressão/palavra Design tem seu sentido alterado no transcorrer do tem­po. Estas transformações não são, nem serão definitivas, nem estão condicionadas apenas ao Design, a língua e todo o discurso que a envolve (comunicação - interpretação) na sociedade é uma constante mutação. Este “fenômeno” é amplamente estudo por correntes semióticas.

O Design (referindo-se ao termo/expressão/palavra e seu sentido), deriva do inglês, e  atua como um substantivo (propósito, plano, intenção, meta) e verbo to Design (simular, projetar, esquematizar, proceder de forma estratégica). MARTINS (2007) sustenta que a origem do Design é a palavra italiana di­segno, que derivou em dessein (francês), deseño (espanhol), desenho (português) e Design (inglês). Para ROSSI (2008) a origem é decorrente do termo latim medieval Designare significando Designar, diagramar, achar meios para, formar alinhando-se com a ação de projetar. O ato de desenhar também era entendido com um meio de projetar e designar formas. Assim, quando referenciado, o termo Design possui dois conceitos conectados, um mais direto, do ato de desenhar, progressivamente substi­tuído pela palavra inglesa draw, draft e um indireto, o Designar, projetar, esboçar, em inglês, Design, project.

Embora sua origem possa relacioná-la com produção de um signo (de - signo), o de­senho na língua portuguesa e o Design da língua inglesa não se mantiveram como sinônimos. A alteração do sentido da palavra ocorrida nos países da língua inglesa se acentua principalmente com a Revolução Industrial. Com as inúmeras alterações nos hábitos e usos, e as novas necessidades oriundas das atividades produtivas dentro do universo sócio-técnico-cultural, houve uma diferenciação entre o ato de desenhar (to draw) e a atividade de desenhar no sentido de projetar, designar, esquematizar (to Design) (MARTINS, 2007).

Com a concretização do projeto industrial propagado com a Revolução Indus­trial, a aplicação do Design foi confundida e traduzida dentro da sua concepção original “desenho”, porém com uma aplicação diferente. Esta falha na sintonia, somada à busca por eliminar a aplicação de termos estrangeiros na língua portuguesa, fez com que no Brasil, Design, durante um determinado período, fosse traduzido como Dese­nho Industrial.

A polissemia que a palavra Design assumiu dentro do contexto nacional, somado a sua aplicação e atuação dentro de diferentes contextos, de certo modo, pulverizou uma concepção e pré-conceito sobre o que é, o que faz, e para que existe o Design na sociedade brasileira. O fato do surgimento de diferentes nomenclaturas para os cursos de formação e, até o próprio reconhecimento entre os profissionais, tornou turva a visão de uma parte da sociedade brasileira sobre o Design.

Referências:
ROSI, Dorival C. Design, Desígnio e Desenho. Triades em revista. N.00. Outubro de 2008.
MARTINS , Luiz G. F. A etimologia da palavra desenho (e design) na sua língua de origem e em quatro de seus provincianismos: desenho como forma de pensamento e de conhecimento. In: XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, São
Paulo. 2007.