Este pequeno texto não tem
por objetivo levantar a “famosa” discussão do que é ou não Design, ou o
que deveria ser considerado como sendo Design, não que se deva colocá-la
num segundo plano, mas focar a construção do termo, para assim, buscar um
entendimento do porquê o termo Design ser interpretado como é.
O caminho do termo Design
tem uma relação íntima de como sua significação foi construída, sendo associado
em diferentes formas e as mais diferentes áreas. Note que esta agregação de
áreas, torna o Design uma área do conhecimento “charmosa”, inquieta,
mutante e não “contida”, sempre se espalhando e quebrando as finas paredes que
tentam conter o seu conceito.
O termo/expressão/palavra Design tem seu sentido alterado
no transcorrer do tempo. Estas transformações não são, nem serão definitivas,
nem estão condicionadas apenas ao Design, a língua e todo o discurso que
a envolve (comunicação - interpretação) na sociedade é uma constante mutação.
Este “fenômeno” é amplamente estudo por correntes semióticas.
O Design (referindo-se ao termo/expressão/palavra e seu
sentido), deriva do inglês, e atua como um substantivo (propósito,
plano, intenção, meta) e verbo to Design (simular, projetar,
esquematizar, proceder de forma estratégica). MARTINS (2007) sustenta que a
origem do Design é a palavra italiana disegno, que derivou em dessein
(francês), deseño (espanhol), desenho (português) e Design (inglês).
Para ROSSI (2008) a origem é decorrente do termo latim medieval Designare significando
Designar, diagramar, achar meios para, formar alinhando-se com a ação de
projetar. O ato de desenhar também era entendido com um meio de projetar e
designar formas. Assim, quando referenciado, o termo Design possui dois
conceitos conectados, um mais direto, do ato de desenhar, progressivamente
substituído pela palavra inglesa draw, draft e um indireto, o
Designar, projetar, esboçar, em inglês, Design, project.
Embora sua origem
possa relacioná-la com produção de um signo (de - signo), o desenho na língua
portuguesa e o Design da língua inglesa não se mantiveram como
sinônimos. A alteração do sentido da palavra ocorrida nos países da língua
inglesa se acentua principalmente com a Revolução Industrial. Com as inúmeras
alterações nos hábitos e usos, e as novas necessidades oriundas das atividades
produtivas dentro do universo sócio-técnico-cultural, houve uma diferenciação
entre o ato de desenhar (to draw) e a atividade de desenhar no sentido
de projetar, designar, esquematizar (to Design) (MARTINS, 2007).
Com a
concretização do projeto industrial propagado com a Revolução Industrial, a
aplicação do Design foi confundida e traduzida dentro da sua concepção
original “desenho”, porém com uma aplicação diferente. Esta falha na sintonia,
somada à busca por eliminar a aplicação de termos estrangeiros na língua
portuguesa, fez com que no Brasil, Design, durante um determinado
período, fosse traduzido como Desenho Industrial.
A polissemia que
a palavra Design assumiu dentro do contexto nacional, somado a sua
aplicação e atuação dentro de diferentes contextos, de certo modo, pulverizou
uma concepção e pré-conceito sobre o que é, o que faz, e para que existe o Design
na sociedade brasileira. O fato do surgimento de diferentes nomenclaturas para
os cursos de formação e, até o próprio reconhecimento entre os profissionais,
tornou turva a visão de uma parte da sociedade brasileira sobre o Design.
Referências:
ROSI, Dorival C. Design,
Desígnio e Desenho. Triades em revista. N.00. Outubro de 2008. MARTINS , Luiz G. F. A etimologia da palavra desenho (e design) na sua língua de origem e em quatro de seus provincianismos: desenho como forma de pensamento e de conhecimento. In: XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, São Paulo. 2007.
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