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terça-feira, 2 de abril de 2013

Evolução das artes gráficas em Curitiba - Parte 01

Evolução das artes gráficas em Curitiba. 
Autor: Roberson M. C. Nunes – Casa da Memória; Fundação Cultural de Curitiba. 1991.
Transcrito do datilografado por Alan Witikoski

1. O início da Produção gráfica oficial no estado do Paraná.


A atividade artesanal e artística em Curitiba, reduzidíssima até meados do século passado, vai adquirindo alguma intensidade a partir da emancipação da Província, em 1853, coincidindo com a implantação de novos serviços, decorrentes de novas necessidades, exigências e prerrogativas de capital, e com o momento imigratório que se engrossa sobretudo com profissionais urbanos e artesãos. 

Uma das caras mais tradicionais curitibanas, a da especialidade de artes gráficas, começa nessa época. Com a instalação da Província, figurou, no plano administrativo do Presidente Zacarias Goes e Vasconcelos, a instalação de uma tipografia que facilitasse a publicação dos atos de seu governo. Isso fez com que se transferisse para a nova província um profissional da arte de imprimir; aceitou a empreitada pioneira Cândido Martins Lopes, de Niterói. Para Curitiba trouxara, apenas, “pesada mesa de ferro, com prancha de composição e o tosco mecanismo que devia fixá-la. Por cima o rolo de correr; as caixinhas de tipo, algum material acessório, ferramentas”; com tal acervo constituiu a Typograpia Paranaense, a valor, cuja sede provisória instala no número 8 da rua das Flores, mudando-a pouco depois para o número 13. A 1º de abril de 1854 saía o primeiro número de “O Dezenove de Dezembro”, data na qual passou-se a comemorar o dia da Imprensa Paranaense.

Para publicação de atos oficiais, a folha recebia uma subvenção mensal de sessenta mil réis, como se depreende da leitura do próprio “O Dezenove de Dezembro”, na sua edição de 10 de junho de 1854, parte oficial, expediente  do dia 1º de maio de 1854:
Ao inspector interino da tesouraria. ─ Mande V.S. pagar ao proprietário da Typographia Paranaense Candido Martins Lopes, ou à pessoa a ele autorizada, a quantia de quatro centos mil réis por conta da prestação mensal de sessenta mil réis, que tenho marcado pela impressão dos actos officiaes no jornal Dezenove de Dezembro, que deve ser contado do passado mez de abril em diante.” 
No entanto, essa informação é contradita no “Relatório” do Presidente de 1º de julho de 1854:
”Devo dizer-vos, que tendo a tipografia vindo espontaneamente, nenhuma subvenção recebeu nem recebe do governo da Província, que limitou-se a fazer assinar uma porção de números de periódico para mandar distribuir por diversas autoridades e corporações, visto publicar o seu expediente.”
 
Durante toda a atividade de suas oficinas, o “Dezenove de Dezembro” constituiu-se em verdadeiro centro de aprendizado tipográfico e redatorial. Aquele que pode ser considerado o primeiro livro de grande porte publicado em Curitiba (com 203 páginas, sendo que os três anteriores meros folhetos ou livretos) vem à luz em 1863 pela Typographia Paranaense, o “Apontamento sobre suspeições e recusações Juriciário ...”, do bacharel Luís Francisco da Câmara Leal, a quem devemos a criação da Biblioteca Pública do Paraná. E, no final de 1880 ou inicio de 1881, a Typhographia imprime o possível primeiro livro de versos editado em Curitiba, “Sertaneja”, de autoria de Gabriel da Silva Pereira. O “Dezenove de Dezembro” deixa de circular em 1890, por não aceitar imposições políticas, sendo substituído, a 21 de abril, e usando-se as mesmas oficinas, pelo “Diário do Paraná”, órgão da União Republicana, dirigido por Nestor Victor.  Essas mesmas oficinas dariam vida, mais tarde, à Impressora Paranaense, como ver-se-á adiante.

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