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quarta-feira, 6 de março de 2013

Textos da exposição sobre a litografia paranaense em 1975

Material retirado da Casa da Memória (FCC) sobre a exposição ocorrida em 29 de outubro de 1975, que produziu diversos materiais sobre o tema. Digitalizado por Alan Witikoski do datilografado. Infelizmente o original não possui nota sobre o autor do texto, se alguém comprovar o autor, ele será devidamente referenciado.
 
A exposição, “Rótulos e Embalagens Antigos ─ Litografia” é o resultado de um trabalho intensivo de coleta de material gráfico confeccionado em Curitiba pelo processo de impressão litográfico que antecedeu ao processo de impressão Offset. Para obtenção do referido material a Casa Romário Martins fez cerca de oitenta contatos entre industriais, descendentes e proprietários de antigas litografias de Curitiba.
Como resultado, mostraremos ao público, à partir de 29 de outubro:
Pedras litográficas confeccionadas em quatro estabelecimentos gráficos;
- Rótulos e embalagens confeccionados por cinco estabelecimentos;
- Coleção de duzentos rótulos confeccionados na Impressora Paranaense no período de 1914  a 1916;
- Coleção de rótulos e embalagens confeccionados pelo litógrafo Rodolfo Doubek no período entre 1929 a 1938, na Sociedade Metalgráfica;
- Coleção de caixas de fósforo mostrando a evolução da apresentação do produto;
- Coleção de embalagens de remédios manipulados desde o inicio do século;
- Coleção de cartazes publicitários confeccionados em três estabelecimentos gráficos;
- Álbum de rótulos de cervejas antigas de todo Brasil;
A exposição mostrará ainda:
- Painel fotográfico mostrando estabelecimentos gráficos antigos, o ambiente de trabalho de uma litografia, máquinas e litógrafos;
- Painel de documentos fotocopiados recortes de jornal referentes a litógrafos, litografias e sobre a introdução da decalcomania no Paraná;
- Painel especifico sobre a propaganda do Mate;

Todo o material será explicado através de legendas retiradas de doze depoimentos tomados pela Casa Romário Marins entre litógrafos e pessoas ligadas a litografia e que estarão a disposição do público para consultas. Durante a abertura será lançado o boletim, “Schroeder e Kirstein”, nome de dois alemão que segundo os depoimentos caracterizaram-se como verdadeiros pioneiros da indústria gráfica no Paraná e responsáveis pela introdução da decalcomania no Paraná e no Brasil.
Rótulos de barricas de mate, o nostálgico leque de compensado de velhos carnavais, e a bolota da Cervejaria Atlânctica, relíquia do folclórico Bar Okay, relembrando rodas de boemia, são algumas das peças que comporão a exposição, Rótulos e Embalagens Antigo ─ Litografia, que a Casa Romário Martins inaugura no próximo dia 29 de outubro.
E se a nota pitoresca será dada pelos rótulos de Cachaça com seus nomes bizarros: Nº 1, Só-Só, Arrasta pé, Três Tombos, Com esta que eu vou, a embalagem da pasta dentifrícia e os rótulos das cervejas Pomba, Providência e Cruzeiro farão lembrar uma época em que Curitiba tinha pelo menos dez cervejarias, além de centenas de outras pequenas indústrias.

Rótulos e Cartazes
Além de cerva de quatrocentos rótulos e embalagens, de variadas procedências, a Casa Romário Martins estará mostrando velhas latas floridas de biscoito que durante muito tempo serviram de “cestinho de bordado” para as vovós, uma coleção de caixas de fósforo desde o inicio do século, e as simpáticas garrafinhas de folha, brinde de uma cervejaria: elas eram rodadas nas mesas de bar, e quando paravam, apontavam o felizardo que teria que pagar ...
A exposição mostrará, também, o tempo que as firmas davam como brindes miniaturas de bebidas, canetas de pena, e o tempo em que o mate era exportado em barricas artesanais, hoje substituídas por sacos de plásticos. Não faltarão os cartazes de publicidade anunciando cervejas com apelos suis generis de, “auxilio a nossa agricultura”, ou o cartaz da Confederação dos Tingus.

Pedras e Fotografias

Pedras litográficas desenhadas em vários estabelecimentos gráficos darão ao público uma ideia do processo de impressão que antecedeu o Offset, quando o desenho de um rótulos precisava ser feito diretamente na pedra calcária, duríssima, importada e difícil de trabalhar. As possibilidades de correção eram mínimas e as palavras precisavam ser escritas da direita para esquerda.  Painéis fotográficos completarão a visão do processo litográfico, que será explicado através de legendas retiradas de doze depoimentos gravados pela casa Romário Martins com ex-litógrafos, descendentes e proprietários de antigas litografias.
Oscar Schrappe, da Impressora Paranaense, conta, entre outras coisas, como a Questão do Contestado influiu nos negócios da empresa; Rodolfo Doubek explica que no tempo da litografia não havia agência de publicidade e era o próprio litógrafo quem criava rótulos e embalagens, “colocando inclusive o dístico”, e Otto Schnneck fala no salário de aprendiz de litógrafo: “dava para comprar dois pares de sapato, e conta, também que uma das funções do aprendiz era procurar modelos para rótulos em revistas estrangeiras: “o trabalho não era copiado, mas tirava-se uma ideia”.

Decalcomania e Boletim

O depoimento de Miguel Raicosky, proprietário da Impressora Pontagrossense, hoje Cartográfica Industrial conta que apesar de ter oficina em Ponta Grossa dependia dos litógrafos curitibanos que faziam aqui o croqui de seus rótulos, trabalhando como “freelancer”, e Otto Stutz relembra que o litógrafo precisava fazer reduções à mão livre, de até vinte vezes porque era moda mostrar nos rótulos, a fachada de complexos industriais. A maioria destes depoimentos faz referências ao nome de dois alemães, Schroeder e Kirstein, apontados como pioneiros na litografia em Curitiba, e são notícias extraídas destes depoimentos que compõe o boletim que a Casa Romário Martins estará lançando no dia 29, sob o título “Schroeder e Kirstein”. Alexandre Schroeder nasceu na Alemanha onde aprendeu o ofício de litógrafo e veio ao Brasil no inicio do século. Estabeleceu-se em Curitiba e participou na criação de três estabelecimentos gráficos: Litografia Progresso, Sociedade Metalgráfica e Schroeder e Kirstein, este último juntamente com outro técnico, onde foram produzidas em escala industrial as primeiras decalcomanias do Brasil.

Nota:Acredito que existe uma falha cronológica no texto, Schroeder, de acordo com relatos, trabalhou na Impressora Paranaense, ainda na época de Jesuíno Lopes, onde conheceu Rômulo Cesar Alves. Com a compra por parte da familía Schrappe (de Santa Catarina) pediram demissão e fundaram a Litografia Progresso.

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