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sábado, 13 de dezembro de 2014

Definições básicas de conceitos de semiótica (Pierce)

Para se aplicar a semiótica como uma ferramenta capaz de auxiliar na análise de imagens, é necessário definir alguns conceitos essenciais. O conceito de signo dentro da perspectiva semiótica apresenta-se em três estados: a significação, a objetivação e a interpretação.

Significação: seu poder de significar em si mesmo dentro de suas propriedades internas.
Objetivação: Sua capacidade de referência áquilo que indica, representa ou se refere.
Interpretação: Seu potencial de interpretação.

Estes estados potenciais existentes em um signo sempre buscam uma relação com uma segunda coisa, como um objeto por meio de uma qualidade, que pode indicar uma terceira coisa, seu interpretante. Importante ressaltar que esta relação, signo, objeto e interpretante, não é fixa, mas é mutável, cada uma delas está no estado de, e nunca é, fixamente. 
É a relação entre elas que determinará o papel de cada uma delas naquele momento. Este movimento é dinâmico, e pode variar sempre que um novo olhar é aplicado no signo. 

Os signos podem ser classificados como: 
Ícone, Índice e Símbolo. Sua classificação varia de acordo com determinadas características em dependendo da perspectiva de análise. 
ícone: é um signo cujo significante está relacionado com uma qualidade do objeto que representa para determinado interpretante. A capacidade referencial do ícone é apresentar uma qualidade em comum com o objeto, proporcionando referências amplas, ambíguas e indeterminadas. Esta multiplicidade é provocada pelo seu poder de sugerir e evocar qualidades do ícone perante as associações do interpretante. Ao se deparar com um retrato de uma pessoa desconhecida, é possível formar uma ideia da pessoa que ele representa. Mas, não pode ser considerado um ícone puro, pois existe o conhecimento de que ele é uma “representação”, um recorde por meio do fotógrafo e seu equipamento.
Neste ponto, o interpretante assume que aquela imagem é um ícone, tem as qualidades exteriores, forma do rosto, cor do cabelo, cor dos olhos, formato da boca e etc.
Índice:  sua significação possuiu uma relação genuína com seu objeto independente do interpretante. Um exemplo, pode ser encontrado em uma marca de pegada, sendo um indicio de que alguma “coisa” passou por ali. O signo (marca) e o objeto (“coisa”) estão dinamicamente relacionados, construindo uma ligação existencial direta e fechada. Como no caso da fotografia, um retrato: para que ocorra a sensibilização do filme, há uma relação genuína com a “coisa” a que retrata, se refere ou representa. Nesta perspectiva a interpretação apresenta um estado indicial do retrato e não apenas o icônico.
Símbolo: o signo mantém uma relação de convenção com seu referente, o símbolo. O símbolo está associado ao objeto que representa por meio do hábito associativo, provocando no interpretante o símbolo a significar o que ele significa. Conecta-se a seu objeto em virtude de uma ideia na mente que se manifesta por meio do símbolo, independente de uma conexão factual com seu objeto (índice) ou semelhante com seu objeto (ícone).
A mesma relação pode ocorrer novamente com a imagem, uma fotografia de uma personalidade histórica, por exemplo, ela tem seu estado ícônico, tem seu estado indicial, mas dependendo do contexto, sua fotografia desperta outros ideias nos seus interpretantes, neste sentido ela pode provocar um estado simbólico.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Breve nota sobre a análise de imagens

O uso constante da imagem nos mais diferentes contextos, provoca um misto de fascínio e desconfiança na sociedade, tanto que alguns filósofos e designers definem o final do século XX e início do século XXI, como o “reino das imagens” ou “civilização das imagens”.

Se o uso extremo da imagem pode ser benéfico ou não, é discussão teórica de várias áreas relacionadas com a comunicação. Roland Barthes, em A Câmara Clara (1980) transmite, em síntese, um deslumbramento com as possibilidades propostas pela imagem. Em direção oposta, o filósofo Vilém Flusser, em A Filosofia da Caixa Preta (1983) apresenta ressalvas sobre esse deslumbramento provocado pelo uso da imagem.

Se é possível compreender adequadamente uma imagem, é necessário investigar e analisar alguns processos, não só de comunicação, ou de produção de significações, mas também questões relacionadas a tecnologia, economia, psicologia, contexto histórico etc. Portanto, a compreensão de imagem requer atenção em observar para além da imagem, e refletir sobre aspectos que estão ausentes na própria imagem é no não-estar em que alguns momentos encontram-se as contradições, as vezes imperceptíveis em um primeiro olhar. Para isso, é possível recorrer a métodos que orientam a construção de uma perspectiva capaz de conceituar e definir a imagem em um dado contexto e determinada temporalidade.

A presença de imagens produzidas pelo Homem pode ser compreendida como uma constante na sociedade. Em cavernas encontram-se vários vestígios produzidos por meios materiais das chamadas imagens fixas (físicas). Estas estabeleciam um modo de linguagem, e consequentemente, de expressar ideias. Entretanto, não há como definir a origem da capacidade de construir imagens mentalmente, antes de expressá-la por meios materiais.

Além destas imagens fixas e mentais, pode-se associar a imagem em outras possibilidades por meio de associações complexas, como quando refere-se a imagem dos médicos, a imagem da mulher, a imagem de uma corporação etc. A definição de, como e o porquê da imagem estar construída daquela perspectiva e não em outra, torna a tarefa de analisar uma imagem extensa e provoca uma profunda reflexão sobre o temática abordada. As imagens parecem sempre em um processo de exceder os limites determinados sejam materiais (imagens fixas) e imateriais (como as imagens mentais).

O fascínio pelo entendimento da imagem conduz a uma busca de explicar o processo de comunicação e significação. Diversas áreas do conhecimento pesquisam e formulam diferentes teorias sobre a relação entre o emissor e receptor. Entre estas, uma área em específico, chamada semiótica, busca métodos e maneiras de compreender o amplo processo que envolve as linguagens e as produções de significados. Seus estudos mais conhecidos estão registrados entre o final do século XIX e início do XX. Os estudos semióticos desenvolveram-se em formas diferentes ao redor do mundo, mas sempre com a preocupação de refletir a geração de significados. 

Em seu contínuo desenvolvimento a semiótica acabou dependendo do período e local geográfico dividida em “escolas”, como: a escola americana, a escola russa, a escola francesa etc. Cada uma com suas características e suas particularidades. A semiótica independente da escola pertencente se apresenta como uma interessante ferramenta de análise da imagem.

Por se tratar de uma teoria complexa, com várias nomenclaturas faz-se necessário a adoção de uma das perspectivas. Inicialmente, é apresentado os estudos da teoria do filósofo americano Charles Sanders Peirce.

Para Peirce, a imagem pode ser analisada na perspectiva da significação em uma constante construção de sentidos. O processo de interpretação é ad infinitium, ininterrupto, infinitamente em direção ao seu objeto e progredindo infinitamente em direção ao seu interpretante. Sendo assim, a imagem atua como um signo, que só poderá ser considerado como tal, se remeter a determinada ideia, provocando na mente de quem percebe uma atitude interpretativa.

Um signo, nesta perspectiva semiótica, atua em todos os sentidos, como: a visão (cores, formas, gestos etc), a audição (a linguagem oral, sinais sonoros, música, ruído etc), o tato (áspero, liso, macio, duro etc), o olfato (gás de cozinha, perfume, cano entupido etc) e o paladar (doce, azedo, amargo, insipido etc). Por meios destes sentidos construímos as sensações.

A percepção da sensação, normalmente, é vinculada à característica da presença física de um signo, porém, existe a possibilidade mesmo na ausência concreta (material) do signo, a sensação ter uma motivação abstrata. Por isso, um signo tem a característica de remeter a uma ideia ou a alguma coisa. E a imagem, enquanto signo, adquire esta mesma característica. Uma imagem qualquer pode remeter a sensações e a percepções de um objeto na qual seu interpretante, talvez, numa tenha experimentado sua sensação fisicamente.

Uma tentativa possível de caracterizar o conceito de signo é imaginar uma cena. Casualmente, ao andar pela rua encontra-se um amigo, e ao vê-lo percebemos que está pálido. Rapidamente, cogita-se a possibilidade de uma doença, já que a vivência e os parâmetros da nossa sociedade ocidental, constroem esta significação. Continuando, percebe-se o céu cinza, cinza é sinal de chuva, aperta-se o passo, se o sinal da rua está vermelho, vermelho é sinal de pare, para-se; e se há uma escada no caminho é preciso desviar, pois passar abaixo da escada dá azar.

Neste exemplo do cotidiano, vê-se que tudo pode ser signo, ressaltando que estas dependem da cultura e da temporalidade na qual ocorrem. Com isso, pode-se notar a capacidade do signo ser alguma, estar no lugar de alguma coisa para alguém, em uma alguma relação transmitindo seus significados dentro de um dado contexto.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Resumo do capítulo 1: Imagem como representação visual e verbal. Imagem: Cognição, Semiótica, Mídia.

1. Imagem como representação visual e verbal.

Santaella e Nöth em seu livro, Imagem. Cognição, semiótica, mídia, consideram a imagem em dois domínios: o primeiro, das representações visuais (desenhos, pinturas, gravuras etc) e das imagens cinematográficas (televisas, holo, infografias, etc); e o segundo, das imagens em nossa mente (esquemas, imaginações, modelos, etc). Em sua perspectiva estes domínios são ligados em sua gênese.

Dentro desta proposta, os autores constroem o texto apresentando conceitos sobre estes dois tipos de domínios, os quais contam com a colaboração de diferentes áreas do conhecimento, como a semiótica, ciências da cognição, teoria da linguagem, filosofia etc.

Inicialmente, é tratado o tema de representação e signo.  São apresentadas diferentes abordagens partindo de pensadores gregos (Platão e Sócrates) até filósofos do século XX (Derrida, Foucault, Sausurre etc) sempre buscando a relação entre a construção do sentido de representação visual e seu aspecto mental.

São constantes os recortes comparando as diferentes abordagens com a semiótica de origem peirceana servindo como uma “base”. Devido a escolha desta estratégia pelos autores, torna-se necessário aos leitores o conhecimento prévio de alguns conceitos relacionados a semiótica peirceana.

O texto apresenta as discussões do campo no período, e insere questões que não podem ser consideradas “novas”, pois estavam presentes em tratados gregos. Contribuem na construção de um panorama geral de quais abordagens já foram discutidas para elucidar tais questões e como a área de debate encontrava-se constituída na época de produção do livro.

Portanto, o tema proposto como primeira etapa do livro, contribui para uma localização dos discursos da imagem como representação, onde os autores parecem focados em apresentar as principais correntes. Vale ressaltar que em um contato primário de análise são pontuadas algumas considerações que podem levar aos leitores a uma perspectiva de um determinismo tecnológico com as imagens técnicas, deixando em um segundo plano, ou estrategicamente apagando, outros discursos relevantes sobre a desconstrução, e que também podem e devem ser inseridos na discussão sobre representações visuais.

Notas de conceitos considerados sobre a leitura inicial.

Representações visuais = Semiótica
Representações mentais = Ciência Cognitiva

Na interpretação de Santaella e Nöth:

Para a Semiótica de Peirce (1ª fase), a representação é um “veículo do signo”, portanto, no modelo sígnico de Peirce o signo pode assume os dois modos, a “representação pública” é o representamen, enquanto a representação mental é o interpretante sígnico.

Para a escolástica medieval representação acontece por meio de signos, assim imaginária a representação em 4 tipos: Por um tipo de imagem; por um tipo de vestígio, através de um espelho e através de um livro.

Pierce na fase tardia, definiu a representação como: o processo da apresentação de um objeto a um intérprete de um signo ou a relação entre o signo e o objeto. Para delimitar os conceitos Pierce cria o conceito de representamen para o veículo do signo: “Quando é desejável distinguir entre aquilo que representa e o ato ou relação de representar, o primeiro pode ser chamado de representamen e o segundo representação”.

Neste contexto, Peirce define como representar o “estar para, quer dizer, algo está numa relação tal com um outro que, para certos propósitos, ele é tratado por uma mente como se fosse aquele outro”

Referencial e representação:
A relação referencial une um veículo do signo a uma coisa na sua totalidade, enquanto a relação representativa relaciona o construto conceitual a um determinado aspecto da coisa.
Referência existe sem representação e vice-versa. “Não existem pessoas verdes”.

Referir-se é um ato de remetimento ao mundo, e representar é “apresentar algo materialmente distinto de acordo com regras,” assim o representar exige uma complementação por parte do interprete. p.18

Representação como ideia de (re)apresentar algo já visto antes.

Referências:
NÖTH, Winfried; SANTAELLA, Lúcia. Imagem: Cognição, Semiótica, Mídia. São Paulo: Iluminuras, 2008.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Resumo do capítulo Imagem Protótipo de Martine Joly do livro Introdução à Análise da Imagem.

Resumo do capítulo Imagem Protótipo de Martine Joly do livro Introdução à Análise da Imagem.

O capítulo Imagem Protótipo é onde Joly apresenta o seu método de análise que foi tendo suas bases teóricas construídas nos capítulos anteriores. A imagem escolhida é a publicitária por possuir, em seu entendimento, um caráter mágico e por serem as primeiras imagens analisadas pela semiologia na década de 1960.


A publicidade sempre foi uma “consumidora” de teorias, principalmente aquelas ligadas às ciências sociais, psicologia aplicada, análise estatísticas e etc. A busca da publicidade por estudos era deixar a publicidade menos “milagrosa” ou um “jogo de azar”, mas ser encarada como um investimento. Joly indica a semiologia como o principal meio de testar o grau de compreensão das mensagens e a maneira com que são interpretadas. Num primeiro momento cita os trabalhos de Roland Barthes, Georges Péninou e de Jacques Durand.


Baseando-se em Barthes, justifica que a imagem publicitária é construída para ser rapidamente compreendida pelo maior número de pessoas possível, tendo que exibir sua estrutura de funcionamento de modo claro. Joly cita a estratégia de Barthes da descrição da imagem como um início de uma análise.


Joly entende a descrição com uma etapa “capital”, uma vez que constitui a transcodificação das percepções visuais para a linguagem verbal, e sempre será parcial em ambos os sentidos. A passagem do “percebido” ao “nomeado” se manifesta em escolhas, perspectivas e reconhecimento que predizem na interpretação, carregando uma própria visão de mundo e de seus interesses do momento. Pode-se interpretar esta observação como sua definição de “contexto interpretativo”.


Na leitura de Joly da análise de Barthes, a descrição verbal introduz:
- O conceito de denotação e de conotação;
- A distinção da mensagem linguística como componente da imagem;
- A designação de objetos, que permite a noção de signo icônico;
- A observação da composição visual, das cores, que assinala os signos plásticos e sua interpretação codificada como sócio cultural.


Joly, por meio de Barthes, reitera que a imagem não se constitui apenas de signos icônicos ou figurativos, mas apresenta diferentes “materiais” para construir uma mensagem visual.  Na descrição existe o estado de uma mensagem “literal”, denotada, porém há outro grau de interpretação existente, que remete a um conjunto de signos, a outros universos, existe uma mensagem simbólica, ou conotada, vinculada e compartilhada entre o anunciante e o leitor.

Joly propõe o termo mensagem visual, para diferenciá-la do termo imagem, que de acordo com a autora, torna a classificação confusa, uma vez que carrega consigo seu conjunto. 

A mensagem visual é constituída por duas componentes, os signos figurativos ou icônicos – aqueles que têm semelhança com a realidade, jogando com a analogia perceptiva e com os códigos de representação-, e os signos plásticos – os componentes plásticos da imagem, como cores, formas, composição, textura, enquadramento, ângulo da tomada, dimensões, iluminação etc; os signos visuais podem ser considerados ao mesmo tempo distintos e complementares.


Novamente por meio dos textos de Barthes, principalmente ao texto “Retórica da imagem”, Joly convida o leitor a uma breve história da Retórica, retomando sua origem na Grécia, até sua reavaliação no início do século XX pelos formalistas e construtivistas russos, e sua chegada a França nos anos de 1960, quando Barthes tem contato com as reavaliações russas, e insere-a na discussão sobre a imagem.

É por meio da retórica que Barthes reconhece na imagem a conotação, a possibilidade de provocar uma outra significação partir de um signo pleno. Porém, seu alinhamento desperta uma onda de novas pesquisas de linguistas que apontam no sentido de toda a linguagem carregar consigo um aspecto conotativo, incluindo a verbal.


A articulação da retórica da conotação na imagem, proposta por Barthes, revela a qualidade de uma mensagem visual como uma qualidade de signo, e que estas não representam coisas, mas elas se servem das coisas para falar de outra coisa.


Outro autor selecionado por Joly é Jacques Durand. Durand continua a trabalhar na referência na relação entre a retórica da imagem e a publicidade. Em seus estudos percebe que as imagens publicitárias possuem figuras de sintagma e figuras de paradigma, localizando metáforas visuais, onde são efetuadas operações e relações entre qualidades de diferentes objetos representados.


Estas operações e relações para Durand, ao se apropriar de conceitos de desejos e de censuras de Freud, constrói uma relação de figuras de linguagens que são traduzidas por transgressões de leis sociais, físicas, de linguagem,  etc. Assim, na publicidade encontram-se formas de liberdade e subversões, e todas são sustentadas por meio de metáforas, litotes, hipérboles, elipses, acumulações, anacolutos etc.  Para Durond, a função das figuras de retórica na imagem publicitária é provocar o prazer do espectador, permitindo sonhar com um mundo onde tudo é possível.


Por meio dos exemplos de Barthes, Jakobson e Durand, Joly constrói um discurso para evidenciar que a retórica pode ser expandida para outros tipos de linguagem, não só a verbal e a da imagem, mas relacionada as artes visuais, como a pintura e o cinema.

Exemplo de imagem de publicidade [apresentação da análise de uma imagem]

Referências:
JOLY, MARTINE. Imagem protótipo In. Introdução à Análise da Imagem. Campinas, SP: Papirus. 14ª ed, 2010.