Páginas

Mostrando postagens com marcador Cigarro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cigarro. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 11 de junho de 2013

A embalagem para a casa Romário Martins

Para a casa Romário Martins a exposição "Embalagens de Cigarro" marca o inicio da Semana do Colecionador. Por que esse tema para o lançamento da promoção? Não houve de nossa parte qualquer escolha. Decidimos que uma semana por mês colecionadores e pesquisadores determinariam a programação da CRM e foi isso que ocorreu. Herculano Martins Franco Filho e José Ricardo Pachaly foram os primeiros a se interessar nela promoção e nós acolhemos sua iniciativa.

O acervo que passamos a mostrar consta de novecentas embalagens de cigarro, de trezentas marcas diferentes. Há embalagens estrangeiras e nacionais, sendo interessante observar aquelas, de apelo popular, com cores, ilustrações, apelos de consumo e nomes peculiares como: TEFUMO, CRAQUE, SPUTINIQUE, SAMBA, ROMANCE, BEDUINO, SHOW, QUETAL; RINGO, CORINGA, MISBELA , VANGUARD, RAINHA, PARTICULARES e AMIGO.

Estas embalagens, encontradas pelos colecionado res especialmente em bairros bastante afastados do centro da cidade, diferem daquelas encontradas em clubes recreativos e defronte ao Teatro Guaíra, por exemplo, onde predominam as embalagens de cigarros estrangeiros ou nacionais com nomes estrangeiros dotados de ilustrações cuidadas, com muito dourado, evocando castelos, títulos de nobreza, ou brasões, como KING GEORGE, MONROE ou HILTON.

Segundo a origem, as embalagens expostas são classificadas em: Americanas – Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia, Estados Unidos e Canadá: Europeias - Inglaterra, França, Alemanha, Bulgária, Itália e Espanha: Asiáticas - Coréia, e Africanas - Líbano.

Entre as embalagens mais antigas, destacam-se aquelas de cigarro RI TIGRE e TRÊS BARRAS, que datam de antes da Guerra do Contestado (Observar na carteira a indicação de Três Barras, Paraná - Brasil) além de outras oito bastante plásticas, confeccionadas em Curitiba, no inicio do século, pelo processo de impressão litográfico: CIGARROS DARDANELLOS, TENNIS, ARACY, COMMENDADORES, ORLANDO e LOLA. Há ainda a embalagem em folha de flanders, em formato de estojo, do cigarro - EDEN, EXTRA MISTURA - com idade avaliada em torno de sessenta anos; e outras embalagens nacionais, de cerca de trinta anos, já desaparecidas do mercado como: CAPORAL, AMARELINHO , CIGARRO DAS AMERICAS, FARRAPOS e CRUZEIRO.

Corno aspecto curioso vale ressaltar as embalagens do cigarro INTERVALO, da fábrica Sudan S.A., ilustrada com fotografias de artistas - Glória Menezes, Lolita Rodrigues, Rogério Marcico, Valter Stuart - acompanhadas pela inscrição: "recorte e cole nas carteias distribuídas pela Sudan, para concorrer aos sorteios", e as embalagens brinde.  Entre essas últimas, há aquelas para consumo à bordo, distribuídas em aviões e navios, e a embalagem do cigarro HASTINGS, da fábrica Sudan, utilizada para promoção dos anéis de pistão Hastings, "projetados especialmente para mudança do seu motor".

Há ainda embalagens só para exportação, consumo interno, flip top box, de metal, estojos de luxo, e as carteiras que variam de setenta, oitenta e cinco, cem e cento e vinte milímetros, que ainda se subdividem em cigarros com ou sem filtro (ou ponteira ou cortiça). A enorme variação de embalagens demonstra claramente a sofisticação do público consumidor e do próprio produto, que assume características marcantes na economia nacional: segundo informações contidas no Caderno de Economia da Folha de São Paulo do dia 18 de janeiro de 1976, o IPI do fumo representou no primeiro trimestre do ano passado, 13,1 % da receita e 46 % do total de impostos recolhidos no país até julho de 1975.

Um detalhe final a ser observado na exposição que os colecionadores, apesar de trabalharem com embalagem de cigarro, não fumam, e que as embalagens americanas para exportação, assim como as brasileiras para consumo interno não apresentam nenhuma limitação em sua publicidade, ao contrário das americanas para consumo interno e mesmo algumas argentinas e colombianas. Que trazem impressos os avisos de: "Warning: the Surgeen General Has Determined that Cigarrette Smoking is Dangerous to your Health", ou então: "Caution. Cigarrette Smoking May Be Hazaudous to Your Health", sugerindo prejuízos causados à saúde pelo cigarro.

Para que a Semana do Colecionador não seja apenas outra exposição todos os meses, e dê resultados esperados, a CRM precisa contar com a resposta dos colecionadores e do público em geral. Avise-nos da existência de colecionadores e acervos particulares. E se você coleciona - embalagem de cigarro, mantenha contato com os colecionadores que expõe atualmente, na CRM: 

Herculano Martins Franco Filho (os dados de contato estão omitidos)

José Ricardo Pachaly  (os dados de contato estão omitidos)

O primeiro dispõe de cerca de setecentas embalagens de cigarro e o segundo em torno de quinhentas. Ambos estarão fazendo permuta no balcão de trocas durante a Semana do Colecionador e posteriormente em suas residências.

Nota: O texto não contém nenhuma indicação de autoria,  data, mas pelo contexto da exposição a autoria provável seria de Rosirene Gemael ou Valêncio Xavier em meados da década de 1970.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A embalagem para o publicitário:

Texto produzido por Ernani Buchmann, posssivelmente no ano de 1975, comentando um pouco sobre o papel dos colecionadores, e como a embalagem reflete algumas questões culturais importantes na construção e afirmação de identidades. Este texto está associado a exposição de 1975 sobre a litografia, e alguns dos rótulos de cigarro eram do processo. A digitalização do material datilografado foi feita por Alan Witikoski como material de referência para pesquisa.

A EMBALAGEM PARA O PUBLICITARIO:
 
A atração exercida por uma carteira de cigarros é indiscutível. Muito pouca gente consegue passar incólume pelo fascínio de uma carteira de cigarros, incluindo-se até: não fumantes, entre os que são subjugados pelas cores, pelo formato, pelo estilo deste objeto hoje tão representativo.

Mais o que uma embalagem, a carteira de cigarro chega, às vezes, a se transformar quase num fetiche, espécie de estrela no oceano dos objetos que trazem status.

Só ela - e não no seu conteúdo – é que traz em suas características apropriadas para envolver cada tipo determinado de personalidade. Uma carteira de cigarros pode nos dizer se o fumante do gênero esnobe, popular, destemido, modernos assim como na maneira de abrir nota-se o relaxado, o desligado, o compulsivo, o inseguro.

Tornou-se um símbolo, entre outros ao lado do automóvel, de um estilo de vida. Por exemplo, os cigarros Hilton mostram em quase todos os seus comerciais um Galaxie, ligado ao sujeito que fuma o cigarro em questão. Em compensação, os cigarros Arizona preferem ligar o "mocinho" do filme a um cavalo, sinal de destemor, do machismo. 

E o Marlboro, da terra de idem? Bom, este seguiu os passos do Arizona - em termos brasileiros - mas apenas na ambientação dos seus filmes publicitários. Enquanto o Arizona apela para um - tipo mais nacional Brasil, sem muita sofisticação, como é necessário a seu público de baixa renda, o Marlboro nos apresenta o típico oeste americano,  que se não fosse por outro aspecto, já seria pelo fato de que todos os filmes são produzidos nos Estados Unidos e apenas dublados no Brasil. Inclui também a tecnologia no Oeste - um exemplo: os helicópteros - criando a imagem que seus fumantes, também destemidos, são pessoas de sucesso na vida, indivíduos da classe em ascensão social.

Assim existem os Minister, os Carlton - do qual estou munido de um exemplar neste momento - os Hollywood, os Continental e centenas de outras marcas.

No entanto, a carteira de cigarros muito mais do que isso. Quantos e quantos já foram anotados ali, e perdidos por sujeitos que esqueceram que aquele pedaço de papel colorido trazia a única pista para encontrar uma mulher ou um amigo de velhos tempos. E os joguinhos sociais que as reminiscências de velhas marcas de cigarro permitem? Qual era a cor da embalagem dos cigarros Yolanda? E o formato do Liberty? E o preço do Columbia em 1956? A lista não tem fim.

Fico lembrando satisfeito daquele amigo que certa vez me deu um cinto todo feito com maços de Continental e Hollywood sem filtro. Por quanto tempo desfilei o meu orgulho com aquela tira colorida segurando as minhas calças de menino. 

Bilhões de cruzeiros são fumados todo dia pelos cinco cantos do mundo. Muita gente começa, assim como muita gente para se foi o último - de fumar a cada momento. Da mesma forma, muita gente tem por hábito colecionar carteiras de cigarro, um hobby bastante interessante.

Esses dois rapazes que hoje expõe, suas coleções de carteiras de cigarro na casa Romário Martins - José Ricardo Pachaly e - Herculano Martins Franco Filho - com certeza já foram obrigados a se abaixar centenas de vezes junto calçada pela simples visão de uma raridade. Para eles não há nada mais emocionante do que descobrir novas carteiras, receber exemplares do exterior e catalogar as que possuem.

São colecionadores e como tal qualquer esforço é válido. Para nós outros, mais afeitos a apenas abrir a carteira e fumar o vicio, a exposição de um acervo tão sui gêneris é uma experiência bastante agradável. 

No espirito puro dos dois jovens não esta em jogo a briga que a British American Tobacco (ou Souza Cruz, como queiram) desenvolve contra a Philip Morris e R. J. Reinolds pela conquista do mercado brasileiro. Nem interessa saber, por exemplo, quantos milhões de cruzeiros foram gastos no estudo da embalagem do novo lançamento, o Du Maurier, pela Souza Cruz (ou British American Tobacco, como queiram).

Para eles o principal é descobrir uma carteira do cigarro gaúcho Grenal ou do falecido Lincoln. Isso é que importa. 

ERNANI LOPES BUCHMANN, Chefe de Redação P.A.Z.,. Criação e Comunicação Ltda. e Ex-redator e chefe de Criação das agencias de propaganda cariocas SGE Publicidade e Promoções, LM Propaganda e IMC - Internacional Markting Cornmunications.