segunda-feira, 20 de novembro de 2023
Semiótica do Design
Linguagens não verbais: também se constituem e m s istemas sociais e históricos de representação do mundo.
Semiose: processo no qual o signo tem um efeito cognitivo sobre o intérprete (significação).
Semiose ilimitada: processo contínuo de associação de idéias. Cada pensamento dirige-se a outro. Esse processo contínuo só pode ser interrompido, mas nunca finalizado.
Processo de significação: relacionado com experiências vividas (repertório/amplitude → percepção).
Semiótica: ciência de toda e qualquer linguagem. Tem por objeto a investigação de todas as linguagens: o exame dos modos de constituição de qualquer fenômeno como produtor de significação e sentido.
Categórias do pensamento de Peirce: formas como os fenômemos aparecem consciência.
Primeiridade: sensação / possibilidade
• Sentimento imediato e presente das coisas.
• Primeiras impressões percebidas pelos nossos sentidos a partir do contato com o mundo.
• Ausência de análise.
• Sentimento antes da reflexão.
Secundidade: qualidade
• O fenômeno primeiro é relacionado com um segundo fenômeno qualquer.
• Força da inerência do primeiro fenômeno no sujeito.
* Inerência: o que está por natureza inseparavelmente ligado a alguma coisa ou pessoa.
Terceiridade: julgamento
• O fenômeno segundo é relacionado a um terceiro.
• Associação de idéias.
• Representação, interpretação.
• Mediação, pensamento em signos.
Signo: algo que; sob certos aspectos ou de algum modo, representa alguma coisa para alguém. Algo que se percebe (cores, formas, temperaturas, sons) e a que se dá uma significação.
• é algo que representa outra coisa seu objeto.
• o signo só pode representar esse objeto de um certo modo e numa certa capacidade (ex: a palavra casa, a pintura de uma casa, o desenho de uma casa, a fotografia· de uma casa, o esboço de uma casa, um filme de uma casa, a planta baixa de uma casa , a maquete de uma casa, o olhar para uma casa, são todos signos do objeto casa).
• o signo tem sua existência na mente do receptor e não no mundo exterior: nada é signo se não é interpretado como signo.
• interpretação de um signo: processo dinâmico na mente do receptor, no qual o signo tem um efeito cognitivo sobre o intérprete (semiose).
Relação triádica do signo (Peirce):
Representamen: face perceptível do signo.
Objeto: o que ele representa.
Interpretante: o que ele significa.
* O representamen é o primeiro que se relaciona a um segundo, denominado objeto, capaz de detern1inar um terceiro, chamado interpretante.
* O interpretante não é o intérprete do signo, e sim o processo relacional que se cria na mente do intérprete (significado).
O signo em relação ao objeto pode estar como:
• ícone: possui alguma semelhança ou analogia como objeto representado.
Ex: o retrato de uma pessoa, a fotografia de uma flor, a escultura de uma mulher.
• lndice: indica uma coisa com a qual está factualmente conectado (relações de causalidade).
Ex: o girassol é um índice, pois aponta para o lugar do sol no céu; rastros, pegadas e resíduos são índices de algo que passou; qualquer produto do fazer humano é um índice do modo como foi produzido, a fumaça é índice de fogo, nuvens negras são índice de chuva.
• símbolo: corresponde à classe dos signos que mantém uma relação de convenção com o seu objeto. Ex: as palavras, a pomba da paz, o verde como esperança, um brasão ou uma insígnia, a bandeira de um país.
Referências Bibiográficas:
Joly, Martine (1996).Introdução à análise da imagem. Campinas, SP: Papirus.
Nõth, Winfried (1995). Panorama da Semlótica: De Platão a Peirce. São .Paulo: Annablume.
Santaelia, Lúcia (1983). O Que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense.
Fonte: Material da disciplina de Semiótica do Design, da prof.ª Marinês Ribeiro dos Santos, do curso CST em Artes Gráficas do CEFET-PR no ano de 2003.
terça-feira, 5 de outubro de 2021
Níveis do signo
O signo pode ser visto como uma relação triádica na qual algo (um sinal ou representamen) faz referência a outro algo (objeto), que significa alguma coisa (interpretante) para algo ou alguém que o interprete.
O signo pode ser analisado em sua função de transmissor (sinal), indicador (sinal + objeto) e significado (sinal + objeto + interpretante). As relações envolvendo os três fatores (sinal, objeto e interpretante) definem as dimensões sintática, semântica(1) e pragmática do processo sígnico.
Charles Morris. no livro Fundamentos da Teoria dos Signos, de 1938, desenvolveu uma teoria semiótica a partir do modelo triádico de Charles Peirce e fixou o vocabulário que designa os principais ramos da semiótica, a sintática, a semântica e a pragmática. Para Morris, o modelo triádico do signo compõe-se de veiculo (o sinal, no modelo acima), designatum (um designatum não é uma coisa, mas uma espécie de objeto ou uma classe de objetos; objeto, no modelo acima) e interpretante.
A relação dos signos entre si chama-se dimensão sintática; à relação entre os signos e os objetos por eles representados chama-se dimensão semântica; à relação do signo com seu interpretante chama-se dimensão pragmática. Assim, a sintaxe é o estudo das relações entre os signos, a semântica é o estudo da relação entre signos e seus designata e a pragmática é o estudo da relação entre signos e seus intérpretes. (2)
Em resumo:
1 . Dimensão Sintática - forma
Domínio da informação estética, onde as características formais, materiais e os meios emprestam singularidade ao signo. Diz respeito às relações formais dos signos entre si, sua estrutura, modo de relacionamento e possível combinações.
Está em nível de representação.
2. Dimensão semântica - conteúdo
Domínio do conteúdo, diz respeito às relações de significado entre signo e referente, normalmente descritas por conjuntos de regras (arbitrárias e/ou convencionais).
Ancorado ao nível sintático, permite a análise de relações entre os signos e seus respectivos significados.
Está em nível de significação direta.
3. Dimensão pragmática - processo relacional
Dimensão do significado na produção de sentido e significado para o usuário/intérprete, estuda o valor dos signos para quem os utiliza, o modo de utilização e as reações advindas do uso. Diz respeito à relação de sinais e objetos com seus interpretantes, ou seja: o intérprete conhece as regras que permitem entender as relações entre sinais (sintaxe) e as destes com seus objetos (semântica).
Está em nível de significados indiretos de um signo em relação a seu objeto, com ênfase no contexto espaço-temporal e cultural.
(1) Em uso corrente, a Semântica é a disciplina que estuda os significados, abrangendo também o
nível pragmático
(2) Ler os textos: "A semiose e a divisão da semiótica em sintaxe, semântica e pragmática", de Antônio Fidalgo; trecho do livro "Aulas", de Roti Turin.
Sugestão para leituras:
COELHO, J. T. Semiótica, informação e comunicação. São Paulo: Perspectiva, 1999.
DONDIS, Donis. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997
GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras, 2000.
JOLY. Martine. Introdução a análise da Imagem. Campinas: Papirus, 1996.
PIGNATARI, Decio. Informação. Linguagem. Comunicação. São Paulo: Perspectiva, 1977.
RAMALHO e OLIVEIRA, Sandra. Imagem também se li. São Paulo: Rosari, 2005.
Referências:
Material disciplina Semiótica do Design do curso de Bacharelado em Design, 2010, prof.ª Lais Licheski.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Resumo: A danação do objeto: o museu no ensino de história
Notas sobre o autor:
Graduação em História (UFC - 1992), mestrado em Sociologia (UFC - 1996) e doutorado em História (PUC/SP - 2000). Desde 1994, é professor do Departamento de História da UFC.
Cargos administrativos: Diretor do Museu do Ceará (2000-2007), Diretor do NUDOC - Núcleo de Documentação Cultural da UFC (2009-2011).
Pesquisa atual:
Ao problematizar as temporalidades dos trabalhos da memória, o projeto desenvolve pesquisa sobre os modos pelos quais a oralidade, a escrita e a cultura material se constituem como dispositivos mnemônicos historicamente localizados. Trata-se, portanto, de uma abordagem a respeito da produção social da memória como parte dos acordos e das tensões que, a partir de um presente determinado, compõe vínculos com o passado e o futuro.
Breves sugestões para a antropofagia do autor
O texto de Ramos é apresentado pelo museólogo Mário Chagas, que eu sua sugestão de leitura ressalta de como a concepção de museu como um espaço de acumulação, nem sempre organizado, e que guardam “visões da morte”, local onde objetos são retirados de seus contextos e são congelados.
É a partir da desconstrução deste conceito que Mário direciona a leitura, chamando a atenção para a construção que Ramos faz de seu texto, a quarteto de pesquisa-museu-ensino-história, propondo o espaço do museu como “interdisciplinar por excelência”.
Diálogos com Paulo Freire
Ramos inicia com uma das problemáticas dos museus históricos, a construção do saber histórico. Em seu entendimento o museu peca pela omissão em se articular como um lugar de produção de conhecimento. Não corresponde a transformar o museu um apêndice da escola, ou uma escolarização do museu, mas torna-lo mais didático, lúdico, provocativo, criar relações mais profundas e variadas com seus visitantes.
Para Ramos, o espaço museológico é um lugar de processos educacionais, de atividades educativas, que não pode ser negada. Deve ser um espaço teoricamente fundamentado, de questionamentos, um convite para reflexões. É necessário pensar em como, porque, por quais meios deve ocorrer a inserção do museu, tendo em vista que é impossível descolar o museu da sala de aula.
O autor crítica os poderes públicos na confecção de seus currículos, no qual busca referências em outros autores, como o próprio Freire, e Henry Giroux. Para ele o museu tem condições de articulado com outras instituições, em ser um dos responsáveis por uma renovação pedagógica, trazendo “o ato de aprender o compromisso com o ato vivido e os desejos de transformá-lo.”
A História dos objetos
Ramos expõe a perda das funções originais do objeto (uso) apresenta ao entrar no espaço expositivo, tendo seus valores transformados pelos mais diferentes interesses. Comenta sobre o objeto de elite, que compõem “a história de heróis e indivíduos de destaque”.p19
Ramos afirma: “Se antes os objetos eram contemplados, ou analisados, dentro da suposta “neutralidade da ciência”, agora devem ser interpretados” p20. Com isso, existe uma alteração do museu-templo, para um museu-fórum, assumindo o caráter educativo e como lugar onde os objetos são expostos para compor um argumento crítico.
“Se pouco refletimos sobre nossos próprios objetos, a nossa percepção de objetos expostos no museu será também de reduzida abrangência. Sem o ato de pensar sobre o presente vivido, não há meios de construir conhecimento sobre o passado. [...] Conhecer o passado de modo crítico significa, ates de tudo, viver o tempo presente como mudança, com algo que não era, que está sendo e que pode ser diferente. Mostrando relações historicamente fundamentadas entre objetos atuais e de outros tempos, o museu ganha substância educativa, pois há relações entre o que passou, o que está passando e o que pode passar. Se aprendemos a ler palavras, é preciso exercitar o ato de ler objetos, de observar a história que há na materialidade das coisas.” p21
Nesta citação pode-se observar que o autor busca, por meios de uma estratégia de pesquisa-museu-ensino-história, de alargar o juízo crítico sobre o mundo que nos rodeia, partindo de uma “história dos objetos” articulada como uma “trama de contrastes que gera percepções sobre o jogo de dominação e resistência”. p.22
“Uma fonte de reflexão sobre as estratégias do poder dominante e as táticas de subversão da ordem estabelecida. [...] a história deixa de ser o passado morto para emergir como pretérito eivado de presente, pois a questão dos poderes em conflito também diz respeito ao mundo no qual vivemos.“ p23
O objeto gerador
"Na multiplicidade dos tempos, interessa esmiuçar as várias dimensões sociais que caracterizam a criação e o uso dos objetos. Torna-se fundamental estudar como os seres humanos criam e usam objetos. Por outro lado, é igualmente necessário refletir sobre as formas pelas quais os objetos criam e usam os seres humanos." p.36