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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O que fez designer

Talvez uma das principais motivações para os estudos em design é sua relação com áreas distintas. O design relacionado com outras áreas do conhecimento "empurra" o designer a transpor constantemente seus limites de conhecimento, promovendo formações diversificadas.

Isso ocorre no momento em que, clientes com produto/serviços demandam projetos variados e, um dos caminhos indicados pelas metodologias de projeto é: compreender o produto e/ou serviço em seu provável ambiente de uso/consumo.

Com este panorama, não é raro o designer precisar interagir com variados temas, nos quais o seu conhecimento é raso, proporcionando uma experiência, não só em leituras, mas em práticas. Para muitos designers este é o momento da "descoberta", do "novo", da "quebra", onde velhas concepções ganham novas perspectivas, transformando o designer em um profissional de conhecimentos ecléticos, em atuação em diferentes áreas e indiretamente favorecendo certa "miopia" no reconhecimento de suas atividades.

O "ser" designer tem como caminho este constante estado de formação, interpretação e significação. Mas como isso ocorre? Diferentemente da crença compartilhada por alguns indivíduos, a formação do designer, não começa e nem termina num curso de "computador", nem numa graduação ou pós-graduação. É possível encarar como estágios de desenvolvimento e amadurecimento, não só de trabalhos, mas de sensibilidade. Não é um caminho de mão única de retas infinitas, possui curvas, subidas, descidas e, em alguns casos, acidentes. Portanto é cômodo a alguns designers apontarem o dedo com o "discurso": - Fiz uma graduação em design, portanto eu sou designer, você que não fez é um "micreiro". Não é difícil observar "trabalhos" de micreiros superiores ao de designers "formados". É difícil para alguns setores aceitarem que uma graduação não irá construir isoladamente um designer competente e profissional  mas depende também do empenho pessoal, e este problema não é visto apenas no design, mas em outras áreas do conhecimento.

Outro fator determinante é a capacidade de interpretação adquirida. Por mais que as instituições acadêmicas formais de ensino apresentem disciplinas importantes para a formação, é impossível apresentar todo o conhecimento, ou mesmo para os discentes, reterem a quantidade de informações que são submetidos. Portanto, ocorre constantes edições, sejam por parte dos docentes na confecção das emendas de disciplinas, ou pelos discentes, com interesses diversificados. Além disso, a facilidade e a quantidade de informações obtidas fora das instituições de ensino formais é absurdamente grande, e é necessário aprender em como obter, o que fazer, como filtrar e como estruturar estas informações, o que seria um primeiro passo a interpretação das mesmas.

A significação é a grande contribuição do designer. Esta significação pode ser compreendida como a ação/efeito de, por meio de intervenções, proporcionar uma melhor qualidade de vida na sociedade. Não há uma linha entre formação, interpretação e significação, ela são permeadas a todo instante.

Esta tríade é, talvez até um excesso, responsável por esta "motivação" de tantos designers "apaixonados" por esta profissão, as tão vezes mal compreendida e, em alguns casos, difícil de ser verbalizada.

domingo, 19 de agosto de 2012

Miopia social do design

Um fato curioso ocorre para quem atua na área de Design ao ser perguntado sobre sua profissão, sempre vem acompanhado de uma pergunta como: mas você trabalha com o quê? Ou o que você faz para viver? Então é artista? Você gosta de desenhar?

Quem atua na área de design certamente já passou por situações na qual sua profissão parece ser mal compreendida. Possivelmente o fato das diferentes nomenclaturas serem elaborados no Brasil, somada a confusão da tradução (post) colaboraram para a consolidação de uma imagem “turva” sobre o design e o designer no Brasil

Inúmeras vezes são relatadas descrições curiosas sobre as visões do design. Alguns exemplos desfrutam de até certo ar clássico como: então você goste de desenhar? O fato é que ainda a um longo percurso até que o design tenha o reconhecimento e facilidade de entendimento que outras áreas desfrutam como as engenharias, arquitetura, medicina, direito entre outras. Claro que o fato do design ser uma atividade reconhecida por esta nomenclatura relativamente recente, colabora para certa demora em sua assimilação. Neste ponto o designer poderia conciliar uma parcela de instrutor/esclarecedor sobre sua profissão.

Devido a fatores que não estão em foco aqui, como, por exemplo, a regulamentação da profissão, a qualidade do ensino do design e etc, criaram-se no mercado visões de design diferenciadas, ou que torna a afirmação de uma “identidade” do que é a profissão de Designer, principalmente no Brasil, difícil, não só para o mercado, como para os próprios profissionais. Esta flutuação de possibilidades de atuação tem um lado positivo, ao proporcionar várias áreas como mercados consumidores, porém por não impor barreiras, não permite que o reconhecimento do trabalho, ou seu entendimento perante um publico maior tenha êxito.

No desenvolvimento de um projeto de logotipo, em alguns casos, o custo parece incompreensível para alguém fora da área. Entretanto uma abordagem mais educativa ou instrutiva, apresentando os passos e a existência de toda uma pesquisa, de estudos e métodos sobre o produto/serviço aplicado no desenvolvimento, normalmente são eficientes para, se não concretizar um projeto, apresentar uma perspectiva nova a quem tem pouco conhecimento sobre a área, reforçando a importância do design e orientando para a formação de uma parceria para o desenvolvimento do futuro projeto com profissionais adequados. Caso outras pessoas sejam consultadas para fornecer um projeto de logotipo, o solicitante terá uma visão mais ampla, e caso realmente tenha uma preocupação com a imagem do seu produto/serviço, procurará profissionais adequados para atender suas exigências, evitando assim construir vínculos com profissionais duvidosos, ou meramente instrumentais. Esta perspectiva é baseada também na capacidade e vontade dos contratantes/cliente em efetivamente desenvolver um trabalho de qualidade e sólido.

Faz-se necessário compreender que um designer ao ter contato com um futuro parceiro/cliente deveria, num primeiro momento, ter uma atenção especial em construir uma imagem adequada para o trabalho do designer, esclarecer como o design pode auxiliar no desenvolvimento e crescimento de seu produto/serviço, ao invés de continuar com as  eternas reclamações sobre clientes e afins. É fácil criticar o outro lado, o duro é tentar se adequar para buscar uma mudança de pensamento e percepção. Se todos os profissionais se unissem em prol de uma correta orientação, talvez o mercado fosse mais maduro em alguns aspectos.  

De certo modo é possível dizer que o design sofre de certa miopia social, na qual o designer tem um papel, e até responsabilidade, na correção deste "desvio" de foco proporcionado por alguns aspectos aqui abordados.